A desnutrição na infância é considerada problema relevante de saúde pública no Brasil, resultante de vários fatores inter-relacionados, tais como: pobreza, desemprego, baixa escolaridade, precárias condições de moradia, acesso ao sistema de saúde, hábitos alimentares inadequados, doenças associadas e carências de micronutrientes. A desnutrição é conceituada como uma gama de condições patológicas que aparece por deficiência de aporte, transporte/utilização de nutrientes pelas células, associadas a infecções, ocorrendo com maior frequência em lactentes e pré-escolares. Objetivou-se descrever a percepção de cuidadores sobre a desnutrição infantil e identificar o conhecimento dos cuidadores de crianças desnutridas sobre o reaproveitamento alimentar. Pesquisa exploratória descritiva, com abordagem qualitativa realizada na Comunidade Vila Verde, no Município de Fortaleza – Ceará, de novembro/2006 a maio/2007. Os sujeitos do estudo foram quatro familiares de crianças com desnutrição, assistidas pela Pastoral da Criança. Os instrumentos de coleta de dados foram a observação participante e a entrevista semi-estruturada. Após a análise dos dados com saturação das respostas, emergiram as categorias: Desnutrição infantil; Multimistura como alimentação alternativa; Benefícios da multimistura. O componente ético esteve presente em todas as etapas da pesquisa, como preconiza o Ministério da Saúde, por meio da Resolução 196/96. Os resultados evidenciaram associação da desnutrição infantil com o aspecto físico e má alimentação, bem como desconhecimento acerca do reaproveitamento alimentar. Portanto, fazem-se necessárias estratégias educativas em saúde, visando a esclarecer mitos e tabus relacionados ao reaproveitamento de alimentos, propondo, por meio deste conhecimento, torná-los possíveis agentes multiplicadores na comunidade, consequentemente, a redução da desnutrição na criança, bem como forma de mantê-la em condições favoráveis de saúde.