O estudo trata de uma experiência educativa com mulheres em situação de prostituição no hipercentro de Belo Horizonte; uma proposta em parceria com a Pastoral da Mulher Marginalizada e a Escola de Enfermagem/UFMG. Utilizando a metolodologia freireana de educação, o trabalho visou a expansão da auto-estima, auto-cuidado e discussão de aspectos referentes à cidadania, numa concepção de saúde para além dos determinantes biológicos. Buscamos criar espaços lúdicos, que se contrapunham com a vivência de sofrimento comum a essas mulheres. Os temas foram por elas sugeridos: Conhecendo o corpo; Saúde das profissionais do sexo; Métodos contraceptivos; DSTs; Prevenção do câncer feminino. As estratégias foram: o cartaz interativo; colagens/desenhos; roda de conversa; dinâmicas; dramatização; jogos. Quanto aos resultados, as mulheres vão, aos poucos, chegando às suas próprias conclusões, ajudando-se mutuamente e ensinando-nos sobre como é viver diante das adversidades a que estão expostas. A coordenação da Pastoral aponta algumas mudanças no comportamento destas quanto ao auto-cuidado. Este trabalho representou um desafio ao se perceber a necessidade de considerarmos outros aspectos inerentes à saúde das profissionais do sexo que ultrapassem a abordagem limitada de sua sexualidade, numa compreensão que vai além da relação cliente-prostituta, mas inclui aspectos como: exploração do trabalho; insalubridade dos hotéis; exposição a violência; alimentação; dependências químicas, entre outros. Constatamos que a prostituição se configura como conseqüência de um processo estrutural de marginalização social. Concluímos assim, o quanto é necessária uma maior aproximação dos profissionais de saúde da realidade de marginalização a que estão expostos diferentes sujeitos, bem como o respeito a autonomia como importante ferramenta no processo ensino-aprendizagem. O projeto de extensão possibilitou essa prática e contribuiu na formação oferecendo oportunidades de encarar diferentes desafios.