Introdução: A gestação não intencional representa um desafio importante em saúde pública, especialmente nos países em desenvolvimento, com impactos diretos na morbimortalidade materna e perinatal. O Ministério da Saúde, junto com o Conselho de Enfermagem, tem incentivado a implantação de protocolos para oferecer o Dispositivo Intrauterino de Cobre (DIU-Cu) pós-placentário nas maternidades e ambulatorial na Atenção Primária à Saúde. Objetivo: Relatar o desenvolvimento de curso de capacitação para inserção, revisão e retirada de DIU-Cu pós-placentário, pós-abortamento e ambulatorial. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. Resultados/discussão: Desde 2018, um hospital público do sul do Brasil tem oferecido a inserção do DIU-Cu, beneficiando aproximadamente 3.750 mulheres. Enfermeiras obstetras (EO) desta instituição desenvolveram o curso, para o qual contaram com o apoio institucional e as parcerias da Secretaria Estadual de Saúde. O curso segue as diretrizes da Resolução Cofen 690/2022, com 70 horas de carga horária (20 horas teórico-prático; 50 horas prática em serviço). Até o momento, 60 profissionais de maternidades e da APS foram capacitados na capital e na região metropolitana. O curso é gratuito e promove a capacitação e atualização de enfermeiros(as), médicos(as) e residentes, incentivando a inserção do DIU em diversos pontos de atenção à saúde. Os participantes são desafiados a desenvolver um plano de ação para implantação do serviço em seus locais de trabalho, com apresentação dos primeiros resultados ao término do módulo teórico. As 50 horas de prática são realizadas no próprio serviço ao longo de um ano, com supervisão de colegas capacitados. A próxima edição do curso pretende expandir para os municípios do interior e incluir professores da graduação em Enfermagem de universidades públicas e federais do Estado. Considerações finais: Esta estratégia de formação fortalece a prática da Enfermagem por conferir segurança e respaldo ao enfermeiro, ampliando sua atuação na assistência ao planejamento reprodutivo. A capacitação contribui para melhorar o acesso das mulheres aos métodos contraceptivos de longa duração, impactando positivamente nas taxas de gestação não intencional e fortalecendo a Rede de Atenção à Saúde. Essa experiência demonstra transformação de práticas assistenciais interdisciplinares a partir de curso na formação de profissionais, e seu potencial para promover mudanças significativas na saúde pública.