Introdução: A alimentação é um dos principais pilares para a qualidade de vida e manutenção da saúde durante o desenvolvimento humano e a amamentação é elemento essencial na estruturação do organismo individual. Uma possível situação de insegurança alimentar materna pode impactar diretamente nas condições de saúde básicas do recém nascido e seu crescimento. A insegurança alimentar é tema de saúde pública e está relacionada à falta de acesso a alimentos de qualidade devido à relação entre renda e valor. Objetivo: Levantar reflexões sobre como casos de vulnerabilidade impactam diretamente no binômio mãe-bebê e estimular um olhar crítico dos profissionais dos serviços de saúde para a necessidade em fomentar debates que visem a formulação de políticas públicas. Método: Relato de experiência sobre consultas de enfermagem em um bairro periférico da região serrana do Rio de Janeiro. Resultados: Durante a consulta de enfermagem, uma usuária informou sobre sua situação de vulnerabilidade através do relato de escassez de alimentos nos três meses que antecederam a consulta devido a dificuldade financeira e relatou repetição de consumo do mesmo alimento por ser o único que teria sobrado para ingerir. A situação expõe uma ambivalência presente na mesma conjuntura: lactantes que expressam o desejo de cessar a amamentação, porém apresentam o receio de não ter um alimento substituto para oferecer à criança; ao mesmo tempo em que outras lactantes apresentam-se com baixo peso devido a baixa ingestão nutricional por suas condições de vulnerabilidades. Nos casos mencionados, foi promovida a sensibilização sobre a temática com a equipe da Estratégia de Saúde da Família e articulação com outros dispositivos da rede. A assistência social foi acionada como caminho de efetivação dos encaminhamentos para acesso aos direitos sociais cabíveis nas situações, assim como a área técnica de alimentação e nutrição. Conclusão: As disparidades sociais enfrentadas no cotidiano acerca da saúde de pessoas que gestam e crianças precisam se tornar pautas urgentes para o enfrentamento da insegurança alimentar. Ações que reforçam a importância da amamentação e a sensibilização das equipes são imprescindíveis para avanços nessa situação. Porém, tais estratégias de saúde necessitam do apoio das entidades governamentais que executem regulamentações aliadas à luta social e democrática.