Introdução: Trata-se de ensaio científico advindo de realidade que envolve a imigração de enfermeiras* brasileiras. A intensificação da degradação do trabalho em saúde, nos últimos anos, foi desvelada na pandemia da Covid-19, sobremaneira entre as profissionais da Enfermagem (PF). Desgaste este identificado nas dimensões das más condições de trabalho, salários depreciativos, perda de direitos trabalhistas, adoecimentos ocupacionais, elevados índices de acidentes de trabalho, dispersão e fragmentação das trabalhadoras, potencializando a dificuldade de se organizar coletivamente. Objetivo: Dar feixe de luz e despertar a reflexão quanto aos aspectos políticos envolvidos na crescente imigração de enfermeiras brasileiras para a Alemanha. Discussão: À medida que avançam os processos de transição demográfica e epidemiológica, ampliam-se as necessidades em saúde da população. As PF exercem papel essencial e estão presentes em todos os níveis de atenção à saúde. Resultante da progressiva precarização das relações de trabalho associado às instáveis e indefinidas remunerações, o desenvolvimento da carreira como enfermeira no Brasil é escassa. Em contrapartida, a crescente oferta de trabalho e incentivo imigratório e com salários atrativos, fomenta o deslocamento de profissionais qualificadas para o exterior. Um acordo de cooperação técnica entre o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o governo alemão por meio da Bundesagentur für Arbeit foi celebrado, para oferta de vagas de empregos às enfermeiras brasileiras. Embora seja uma iniciativa do governo federal alemão, a uniformização do processo, a partir do acordo, acontece apenas no Brasil. Na Alemanha, nota-se que as experiências no processo de revalidação (nomeado Anerkennung) são distintas e não uniformes, sendo regidas pelas regras e itinerário de cada estado, cidade ou instituição onde a profissional ocupa o posto de trabalho. Considerações finais: A imigração crescente de enfermeiras brasileiras, se configura em força coletiva que busca, estabelecer limites à exploração trabalhista envolta na dinâmica de desenvolvimento do capitalismo flexível, no contexto da globalização e da hegemonia neoliberal. Órgãos da saúde, assim como as entidades de classe da Enfermagem brasileira, através de suas associadas, precisam despertar atenção para as desigualdades regionais na distribuição de enfermeiras, que persistem e, que estão sendo acentuada por esse crescente processo de desabastecimento de força de trabalho.