Introdução: A covid-19 deflagrou uma crise sanitária em 2020, sobrecarregando ainda mais as instituições hospitalares do país, que além de operarem com escassez de leitos e insumos, também enfrentaram a escassez de trabalhadores qualificados. Tendo em vista que a complexidade do quadro clínico apresentado pelos pacientes com covid-19 exigiu dos profissionais experiência, conhecimentos técnicos específicos e habilidades socioemocionais. Desta maneira, foi necessário suprir a demanda emergencial por trabalhadores contratando profissionais sem experiência para serem treinados em serviço, conduta que impactou significativamente na rotina assistencial dos serviços. Objetivo: Investigar a percepção dos técnicos de enfermagem acerca da alocação de profissionais sem experiência para assistir pacientes com covid-19 em UTI. Método: Este trabalho é um recorte de um estudo qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, realizado com 11 técnicos de enfermagem que prestaram assistência direta a pacientes com covid-19, em uma UTI, de um hospital universitário, na cidade de João Pessoa. A coleta dos dados ocorreu entre janeiro e abril de 2022, por meio de uma entrevista semiestruturada e a análise dos dados realizou-se através da Análise de Conteúdo de Bardin. Resultado: Ao investigar a percepção dos técnicos de enfermagem sobre a alocação de novos profissionais sem experiência, destaca-se “[...] A gente não tinha tempo de parar para ensinar, a gente até tinha a boa vontade, mas não dava tempo [...]”. Em relação a segurança em trabalhar com esses profissionais, têm-se o relato “[...] além de você estar preocupado com a sua saúde, para você não se contaminar, você ia redobrar o cuidado com o paciente grave, porque assim, a gente não tinha confiança nessas pessoas[...]”. Os participantes também referiram a sobrecarga que esses profissionais geraram “[...] como chegaram pessoas novas, pessoas que não sabiam a rotina do ambiente, a gente se sentiu sobrecarregado por conta disso no início[...]”. Considerações Finais: A contratação de profissionais sem experiência impacta diretamente no processo de trabalho e na qualidade da assistência prestada pela Enfermagem, sobrecarregando os demais profissionais. Torna-se imprescindível que as instituições implementem estratégias de treinamento admissional que sejam metodologicamente efetivas, até mesmo, em momentos de crise, de modo a não comprometer a rotina do serviço e seus profissionais.