INTRODUÇÃO: A busca por soluções para a prática assistencial faz parte do cotidiano do enfermeiro. Na Atenção Primária à Saúde (APS) a problemática compõe uma interface relevante no contexto de trabalho. Neste panorama têm-se hoje diferentes cargos, previstos na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), que podem ser ocupados pelo Enfermeiro. O primeiro, cujas funções privativas incluem desde a assistência de enfermagem e seu planejamento até a supervisão dos técnicos e auxiliares de enfermagem e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). E o cargo de Gerente de Atenção Básica, que pode ser ocupado por qualquer profissional de saúde, preferencialmente de nível superior, com experiência na Atenção Básica. Os dois cargos contemplam o enfermeiro, seja pela formação assistencial e gerencial, seja pela habilidade para mediar conflitos e gerenciar capital humano. OBJETIVO: Descrever o impacto do acúmulo de funções de assistência e de gerência pelo Enfermeiro na APS. MÉTODO: A experiência ocorreu em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) localizada em um município do interior cearense. Observou-se o recorte temporal de janeiro de 2020 até junho de 2022, período em que a UBS foi gerenciada sucessivamente por duas enfermeiras e que compreendeu importantes mudanças político- institucionais e assistenciais, em virtude da pandemia de COVID-19. RESULTADOS: Inicialmente, a profissional responsável pela gerência, era implicada com a assistência como enfermeira de uma das equipes de Saúde da Família da UBS em questão. Observou-se que o acúmulo das funções assistencial e gerencial sobrecarregava a profissional, com comprometimento da sua qualidade de vida relacionada ao trabalho e adoecimento frequente. Apesar da sobrecarga, as funções eram desempenhadas sem perdas qualitativas. Com a chegada da profissional exclusiva para a gerência a assistência pôde ser melhorada, pois a enfermeira passou a dispor de mais tempo para planejamento e execução de suas funções, incluindo a supervisão de técnicos e auxiliares de enfermagem, bem como dos ACSs. CONCLUSÃO: A atuação na Estratégia Saúde da Família demanda dos enfermeiros habilidades de organização da demanda, de relacionamento interpessoal e de gestão do tempo, além de conhecimentos técnico-científicos e conduta ética. O acúmulo de funções assistenciais afeta a qualidade de vida no trabalho e fora dele, uma vez que a sobrecarga gera cansaço excessivo e, em médio e longo prazo, pode provocar exaustão e adoecimento profissional.