A criação do Sistema único de Saúde apresentou avanços e desafios para o Brasil, dentre estes a oferta de um serviço qualificado e humanizado a todos os envolvidos. Diante disso, surge a Política Nacional da Humanização objetivando valorizar usuários, gestores e trabalhadores da saúde. Entretanto, mesmo que o ato de humanizar esteja pautado em princípios e regras jurídicas, a baixa qualidade da assistência persiste, o ser humano é coisificado e seus aspectos biopsicossociais desconsiderados. Portanto as Equipes de Saúde da Família são espaços apropriados para o fortalecimento das interações afetivas e prática da humanização. Ante o exposto objetivou-se analisar a humanização na perspectiva dos profissionais e usuários pertencentes a duas Equipes de Saúde da Família, identificando o perfil dos participantes, evidenciando o entendimento acerca da humanização da assistência prestada no âmbito das equipes e relatando o conhecimento dos profissionais sobre a Política Nacional de Humanização. O estudo foi do tipo descritivo, abordagem qualitativa, realizada entrevistas com 22 profissionais e 29 usuários. Os dados obtidos foram analisados com auxílio do software Iramuteq que resultaram nas categorias: percepção do usuário (A humanização na perspectiva dos usuários; Humanização na Equipe Saúde da Família; O que precisa melhorar?) e percepção dos profissionais (A humanização na perspectiva dos profissionais; Conhecimento sobre a Política Nacional de Humanização; Dificuldades enfrentadas; Principal missão dos profissionais). Os usuários relacionaram o significado de humanização às suas experiências do dia a dia como a ausência de recursos materiais, humanos e competência ética dos profissionais. Os profissionais da saúde compreendem a humanização como subjetiva, praticada nas relações sociais por meio da expressão de sentimentos, considerada como fator importante na assistência e se esforçam para realizá-la, enquanto os usuários não identificam boa humanização que recebem. A utilização de alguns dispositivos contidos na Política Nacional de Humanização como a formação de grupos de trabalho, e o desempenho de atitudes simples como um olhar mais dedicado e uma escuta mais atenta, podem contribuir na implementação da humanização na assistência.