Introdução: A utilização de serviços de telessaúde para auxiliar na prestação de cuidados clínicos a distância tem aumentado significativamente nos últimos anos, possuindo grande potencial de aplicação em contextos de emergência de saúde pública, como a pandemia COVID-19. Apesar das diretrizes curriculares e os Projetos Pedagógicos das universidades direcionarem o perfil dos futuros enfermeiros para atuação nos diferentes serviços que compõe o sistema de saúde, a formação acadêmica dos enfermeiros ainda não parece contemplar a experiência em serviços de telessaúde como um campo de atuação da profissão. Objetivo: Conhecer as experiências de estudantes de enfermagem na atuação em um serviço de telessaúde para enfrentamento da COVID-19. Método: Pesquisa qualitativa, do tipo exploratório-descritiva, desenvolvida com 31 graduandos em enfermagem de uma Universidade Pública do Sul do Brasil. Os dados foram coletados através de um questionário online e analisados por meio da análise textual discursiva. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 38605920.5.0000.5324). Resultados: Foram identificadas as facilidades, fragilidades e potencialidades vivenciadas pelos estudantes, constatando-se que os mesmos desenvolveram conhecimentos, habilidades e competências específicas durante a atuação no serviço de telessaúde. Entre as facilidades evidenciadas, estão a utilização de protocolos clínicos, o acesso à informação e o suporte técnico. Já o sistema de telefonia, o manejo da plataforma, a fragmentação dos serviços de saúde e a impossibilidade de realização de exame físico foram identificadas como fragilidades. Como potencialidades, os estudantes destacaram o serviço como um campo de atuação da enfermagem não explorado durante a formação acadêmica, o que evidencia a necessidade de melhoria dos processos educacionais na enfermagem, como forma de consolidar o telessaúde como campo de atuação da profissão. No que diz a respeito aos conhecimentos, habilidades e competências desenvolvidas pelos estudantes no serviço de telessaúde, foram destacados os seguintes aspectos: o raciocínio clínico, o uso da tecnologia, a comunicação, a atuação com equipe multiprofissional e a tomada de decisão. Conclusão: o conhecimento acerca das experiências vivenciadas pelos estudantes poderá fomentar as discussões sobre as necessidades pedagógicas que permeiam a formação do enfermeiro para atuação em serviços de telessaúde.