Introdução: A assistência realizada no domicílio é uma tecnologia que possibilita ao profissional de saúde visualizar seu cliente além do seu estado biológico, porém esse tipo de serviço enfrenta dificuldades na sua efetivação. Quando se considera o impacto gerado na saúde dos usuários, além das possíveis repercussões políticas e econômicas, entende-se a necessidade de se rediscutir a prática dessa assistência de modo a desenvolver o seu potencial. Objetivo: Investigar a prática da atenção domiciliar (AD) realizada por médicos e enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Crato-CE. Método: Para a coleta de dados, utilizou-se de uma entrevista semiestruturada com profissionais que realizavam ou não a assistência domiciliar e se encaixaram nos critérios da pesquisa. Empregou-se ainda o critério da saturação interna. Os dados foram analisados a luz da análise de conteúdo temático preconizado por Minayo. Resultados: Foram entrevistados seis enfermeiras e três médicos, cujo tempo médio de trabalho na ESF era de sete anos. Apenas uma enfermeira não realizava a assistência domiciliar. Da análise do conteúdo das entrevistas emergiram cinco categorias: A sistematização da prática da Assistência Domiciliar; Repercussões da prática da Assistência Domiciliar; Facilitadores da prática da Assistência Domiciliar; Dificultadores da prática da Assistência Domiciliar; Fatores essências para uma boa prática da Assistência Domiciliar. A AD na atenção básica tem uma dinâmica, uma sistematização a ser seguida, obviamente que moldável as necessidades. Porém, por meio dos depoimentos, percebeu-se que em sua grande maioria, as equipes não fazem uso de um método, de um roteiro, um planejamento e uma avaliação que subsidiem essa prática. O que pode interferir negativamente no objetivo dessa assistência no âmbito da atenção primária. Conclusão: Entende-se que é de responsabilidade da equipe da atenção básica prestar um atendimento adequado, humano, integral e resolutivo aos usuários, porém os resultados deste estudo demonstram a necessidade de se repensar a organização, execução e a qualidade da assistência prestada, para que de fato a AD possa apresentar avanços significativos na produção de saúde da população atendida na atenção básica. Ressalta-se ainda o dever da gestão compactuar com essa responsabilidade investindo na qualificação dos profissionais e melhora da infraestrutura dos serviços.