Introdução: A contrarreferência faz parte da comunicação e interação entre os níveis de atenção à saúde de toda a população usuária da rede do Sistema Único de Saúde, inclusive as crianças com doenças crônicas. Objetivo: Descrever a utilização da contrarreferência pela atenção secundária durante o cuidado à criança com doença crônica. Método: Pesquisa qualitativa, descritiva, realizada com cinco médicos especialistas, que trabalham em três policlínicas de saúde da rede pública de um município paraibano. As entrevistas foram gravadas entre dezembro de 2018 e março de 2019 e após transcritas, interpretadas através da análise temática. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de uma instituição pública, Parecer Nº 3.151.983. Resultados: Os médicos relataram não preencher a contrarreferência, justificando que as mães das crianças com doença crônica não retornam às suas Unidades de Saúde da Família porque não acham resolutivas e querem continuar sendo acompanhadas somente pela atenção especializada. Outro motivo exposto pelos especialistas está relacionado ao fato de não serem cobrados pelos seus gestores quanto ao preenchimento do instrumento de contrarreferência. Ancorada na perspectiva de Eugênio Vilaça Mendes, as fragilidades no preenchimento e condução da contrarreferência dentro da rede de atenção à saúde no município estudado, demonstra déficit na continuidade do cuidado à criança com doença crônica. Conclusão: Percebe-se a necessidade de orientar os responsáveis das crianças com doença crônica a importância do retorno à sua unidade de referência e estimular os profissionais médicos a preencherem a contrarreferência a fim da garantia de um cuidado contínuo e efetivo dessa população.