INTRODUÇÃO: o Papanicolaou é considerado um exame adequado e de baixo custo no rastreamento de lesões precursoras de câncer no colo do útero. No âmbito da atenção primária, atingir uma alta cobertura da população considerada alvo é a estratégia mais importante para redução da incidência e da mortalidade por esse tipo de câncer. As recomendações oficiais do Ministério da Saúde para sua coleta são: I) Início aos 25 anos nas mulheres que já iniciaram a vida sexual e seguir até os 64 anos (naquelas sem história prévia de doença neoplasia pré-invasiva), interrompendo com dois exames consecutivos negativos nos últimos cinco anos; II) Coleta trienal após dois exames anuais consecutivos negativos. OBJETIVO: descrever a experiência sobre uma intervenção de educação permanente sobre as recomendações para realização do teste de Papanicolaou. METODOLOGIA: a intervenção foi realizada em uma Unidade Básica de Saúde, no município de Botucatu, entre 20 de abril a 06 de julho de 2017, por quatro Enfermeiras Residentes em Saúde da Família. A partir de um levantamento sobre a cobertura e rotina da coleta do exame na unidade - a qual mostrou o não seguimento das recomendações oficiais -, partiu a proposta de educação permanente, afim de transformar as práticas profissionais a partir da problematização do processo de trabalho. RESULTADOS: Foram realizadas oficinas de capacitação com a equipe para discussão da problemática e possíveis soluções. Após, foram fixados em todos os consultórios as recomendações oficiais e novamente discutido individualmente sobre sua importância. Entendeu-se que toda equipe é responsável por difundir informações corretas, sendo necessário padronizar o mesmo discurso. Pretendeu-se também a (co)responsabilização das mulheres pelo seu cuidado, substituindo o envio do resultado dos exames por carta, para uma metodologia de grupo participativo. CONCLUSÃO: Considerando a importância do Papanicolaou para a redução da morbimortalidade feminina e que sua concentração em uma parcela das mulheres pode ocultar a falta de cobertura da população alvo, destaca-se a importância da constante revisão da rotina dos processos de trabalho junto à equipe, com ênfase na educação permanente acerca das políticas que sustentam a prática profissional em nosso país. Verificou-se o impacto positivo do uso de metodologias participativas na aprendizagem dos profissionais envolvidos, bem como dos usuários, de forma que se identificassem como agentes ativos no processo de mudança.