Anais - 16º CBCENF
Resumo
Título:
A LINGUAGEM SEXISTA NA ENFERMAGEM
Relatoria:
FERNANDA LAISY PEREIRA DE SOUSA
Autores:
- Sheila Milena Pessoa dos Santos
- Elisabete Oliveira Colaço
- Mirelly Gomes Rogério
- Mikael Lima Brasil
Modalidade:
Comunicação coordenada
Área:
Acessibilidade e sustentabilidade no SUS
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
INTRODUÇÃO: Estudiosas têm destacado o papel da linguagem para legitimar a dicotomia naturalizada e hierárquica entre o feminino (dominado) e o masculino (dominante), tendo as regras gramaticais contribuído para tornar e/ou manter o feminino invisível. Reconhecendo a importância da identidade sexo linguística, em 2012, foi sancionada a Lei 12.605 que obriga instituições de ensino a aplicar a flexão de gênero na expedição de diplomas, reforçando a preocupação com a linguagem empregada nos documentos oficiais. Na enfermagem, até 1960 a linguagem no feminino predominou nos documentos que regem a profissão. Todavia, a partir da Reforma Universitária (1968), enfermeiras passaram a se autodenominar enfermeiros, do mesmo modo que professoras como professores e alunas como alunos. OBJETIVO: analisar a utilização da linguagem sexista em documentos oficiais da enfermagem. METODOLOGIA: O estudo qualitativo, exploratório-descritivo. Utilizou-se a técnica documental, tendo como documentos primários o projeto pedagógico vigente e planos de aula (2007-2010) de uma instituição de ensino superior (IES) pública. Também foram examinadas portarias, resoluções e pareceres publicados pelo COFEN (2013). A amostra foi composta por 71 documentos. O material foi organizado por meio de um formulário e analisado à luz da literatura pertinente. RESULTADO: Predomina a linguagem sexista, o que reforça o modelo linguístico hegemônico. A linguagem no feminino apenas foi adotada quando relaciona-se aos temas reprodutivos (IES) ou para definir o sujeito impetrado ou impetrante de ação (COFEN). Essa prática, aparentemente inofensiva, reforça modelos centrados no homem contribuindo para a permanência da invisibilidade da mulher nos contextos sociais. A linguagem, além de expressar relações poderes e lugares, os institui, produzindo e fixando as diferenças. Ao excluir o feminino dos textos oficiais que delineiam/normatizam a educação e a profissão da enfermagem e que norteiam as atividades de professoras e professores, de alunas e alunos, legitima-se a ideologia androcêntrica, relegando ao feminino um espaço secundário. CONCLUSÃO: a produção de relações, modos de vida e linguagens igualitárias guardam relação com a enfermagem, a desconstrução da ideologia androcêntrica e a construção da equidade de gênero requer a utilização de diversos artefatos, como a referência ao feminino e masculino na escrita dos textos oficiais.