Ao reconhecer a extensão e o impacto da Aids no meio social, percebe-se que esta impõe desafios no sentido de ampliar as ações de prevenção, de assistência e de fortalecimento institucional, exigindo envolvimento conjunto dos diversos setores. O estudo objetiva analisar os discursos acerca do cuidado produzido por enfermeiros que atuam em Serviço Ambulatorial Especializado em HIV/Aids. Trata-se de uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem qualitativa. O campo de coleta dos dados foi constituído pelos Serviços Ambulatoriais Especializados (SAE) em HIV/Aids em cinco instituições públicas do município de Fortaleza-CE. Os dados foram coletados entre março e junho de 2011. Os sujeitos da pesquisa foram compostos por dez enfermeiras que atuavam nos Serviços Ambulatoriais Especializados em HIV/AIDS. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo nº.100301/11. Os dados foram analisados apoiando-se na análise de discurso da escola francesa. A análise culminou com a construção do núcleo de sentido intitulado “discurso pedagógico”, representando os discursos que se entrecruzam no contexto assistencial em enfermagem. Os enfermeiros, ao se apropriarem do discurso pedagógico, pautado no repasse de informações por meio da argumentação científica, conduzem a realização do cuidado de forma verticalizada, na perspectiva de reforçar as condutas propostas pela biomedicina e garantir que estas sejam seguidas pelo paciente. Destaca-se, assim, um cuidado que não parte do sujeito e das suas condições e experiências de vida, mas o regula para mudanças em nome de sua saúde e para privilégio da norma e da ciência. Faz-se necessário, assim, que os enfermeiros consigam se apropriar de um referencial teórico e construir uma base filosófica e epistemológica sobre esse cuidado. Na busca de desvirtuar suas ações da visão reducionista que a tudo restringe apenas ao discurso normativo da medicalização, pautado na ideologia da biomedicina, ou de um discurso meramente repetitivo e pedagógico ancorado nos princípios do Ministério da Saúde, poder-se-á promover o deslocamento de posições, tendo em vista que a horizontalidade das relações permitirá uma aproximação entre o sujeito que cuida e o que é cuidado.