Dentre as doenças crônicas infantis, o câncer se destaca pela sua alta incidência e repercussões na vida da criança e sua família. Este estudo teve como objetivo descrever as experiências adquiridas no Projeto Anjos da Enfermagem, vinculado ao Instituto Anjos da Enfermagem, e sua contribuição para o tratamento das crianças com câncer no ambiente hospitalar, à luz da Integralidade Complexa. Este referencial entende o cuidado em enfermagem perpassando pela compreensão do Ser em todas as suas dimensões, envolvendo suas representações simbólicas no mundo, tanto individualmente como coletivamente e, a saúde é multifacetada, pois sua constituição se traduz por componentes biológicos, culturais, funcionais, estéticos e morais. Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, através do relato de experiência, realizado no Hospital de Câncer de Cuiabá, no período de julho de 2010 a março de 2011. A coleta de dados deu-se a partir do viver “com” as crianças internadas durante as atividades lúdicas do projeto. Observou-se que as atividades contribuiram para uma melhora significativa no tratamento das crianças, que através da fantasia, conseguem elaborar suas vivências, tanto prazerosas quanto difíceis. Através do brincar, elas lidam de modo dinâmico com a realidade, o que permite vivenciar a experiência da hospitalização de maneira menos traumática e mais criativa. Promoveu-se espaços de interação com as crianças e seus acompanhantes, através de conversas e, principalmente, por meio das brincadeiras, para compreender seus significados e entender tais situações como espaços de investimento afetivo. As crianças, por meio de atividades lúdicas, expressam a falta que sentem das pessoas do seu círculo de convivência, elaboram situações vivenciadas no hospital e as suas angústias. O espaço destinado ao brincar dentro do hospital possibilita a comunicação da criança e de seu acompanhante de modo a expressar suas fantasias e ansiedades, criando também condições mais adequadas para o enfrentamento da hospitalização, promovendo assim, o bem estar e a qualidade de vida de ambos. Com efeito, as crianças produzem formas específicas de representação, reprodução e (re)elaboração simbólica de suas relações e é necessário vê-la na sua completude e reconhecer a sua forma de “estar no mundo”.