O perfil de morbidade das crianças é um parâmetro essencial para conhecer as necessidades de saúde dessa faixa da população. Tem sido observado que as mudanças no perfil de adoecimento, a demanda por cuidados de saúde e a mortalidade de crianças não têm recebido o destaque necessário nos espaços acadêmicos e de gestão das políticas públicas de saúde. Foi objetivo traçar o motivo das internações das crianças em um hospital de referência para atendimento do Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo transversal, a partir dos prontuários das crianças internadas na enfermaria do Hospital da Criança Prefeito João Vargas de Oliveira, localizado na região dos Campos Gerais do Paraná, nos meses de janeiro, abril, julho, setembro do ano de 2009, representado as estações do ano. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, doença, estação do ano, bairro de moradia, duração da internação e atendimento anterior recente. Após a coleta, os dados foram armazenados no Software Excel e foi utilizado freqüências absolutas e relativas para todas as variáveis estudadas, evidenciando os resultados em tabelas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UEPG, parecer n. 97/2010. Em todas as estações a doença mais prevalente foi pneumonia, nas estações mais frias do ano o número de internações por este agravo teve aumento de 28% no total de internamento no inverno e 33% no outono, enquanto na primavera e verão foi de 26% e 24% respectivamente. Nos meses com menor umidade relativa do ar encontramos doenças alérgicas, como asma e as infecções respiratórias agudas, com um total de 6,2% dos internamentos na primavera e 9% no verão. Ainda outras doenças também aparecem significativamente, como gastroenterocolite aguda 15% e depleção do espaço extracelular 15%, que por muitas vezes apareceram associadas. Observa-se ainda a presença de causas externas como um dos fatores de internação destas crianças. As crianças apresentavam prevalência na idade de um e cinco anos, com 53% do total dos internamentos. Verificou-se também que 65% eram do sexo masculino; 60% tiveram tempo de internação entre dois a quatro dias, 26% mais de quatro dias hospitalizadas e 13% apenas um dia. Do total de internamentos apenas 4% foram reinternadas ou tiveram mais de um internamento recente. Através dos resultados desse estudo pode-se identificar a população com maior risco e realizar as ações necessárias para que sejam reduzidos os casos de internação infantil por motivos que poderiam ser evitados.