A transformação do perfil populacional acarretou contenção de custos com decorrente redução de leitos hospitalares e a necessidade de melhoria da atenção básica, com destaque à Estratégia de Saúde da Família (ESF), que tem o cuidado domiciliar (CD) como uma de suas propostas. O CD é o cuidado prestado no domicílio por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar ao paciente e seus familiares. Para que esse cuidado seja efetivado, os profissionais de saúde devem estar aptos a atuar nesta área, por se tratar de um campo de atuação crescente e que exige dos profissionais um olhar diferenciado. Assim, os objetivos desta pesquisa são: interpretar como o cuidado domiciliar é ensinado/aprendido/vivenciado nas aulas teóricas, práticas e estágios no curso de graduação em Odontologia de uma universidade pública do sul do país e desenvolver um modelo teórico que contemple essa vivência. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utilizou como método de investigação a Teoria Fundamentada nos Dados. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semi-estruturada baseada num roteiro de perguntas iniciais que foram modificados no decorrer da pesquisa a partir da análise dos dados, de acordo com o método proposto. A pesquisa tem dois grupos amostrais: um composto pelos acadêmicos do último período do curso de Odontologia e o outro, pelos docentes que ministram disciplinas co-relacionadas ao conteúdo e práticas de cuidado domiciliar neste curso. A análise de dados consistiu na codificação aberta, axial e seletiva. Este estudo respeitou os princípios éticos estabelecidos para as pesquisas realizadas com seres humanos. Percebe-se que os acadêmicos de odontologia possuem o conteúdo de visita domiciliar e que a partir dele e de orientações recebidas antes de irem ao domicílio têm experiência prática de visitas domiciliares, que são discutidas na seqüência e faz-se um trabalho referente à esta prática. Os docentes destacam a contribuição da vivência do cuidado domiciliar na formação profissional e pessoal do acadêmico ao possibilitar que entrem em contato com o paciente e seus familiares no interior do seu domicílio e assim percebam o contexto em que estão inseridos. No entanto, nem todos os acadêmicos se sentem preparados para se inserirem no mercado de trabalho nessa área.