INTRODUÇÃO: Uma ferida é uma ruptura anormal da pele resultante de dano ou morte celular. No Brasil, as feridas acometem significativamente a população, constituindo um sério problema de saúde pública. Porém, não há dados estatísticos que comprovem este fato. A Atenção Básica, através da estratégia “Programa de Saúde da Família” atende pacientes com feridas de diversas etiologias apresentando-se assim, como cenário importante de investigação epidemiológica. OBJETIVO: Estimar a prevalência de portadores de feridas nas comunidades atendidas pelas Unidades de Saúde da Família de dois Distritos Sanitários da cidade do Recife. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo epidemiológico de tipo descritivo e transversal. O trabalho foi desenvolvido em sete Unidades de Saúde da Família do Recife dos Distritos Sanitários I e VI. Aplicou-se ao paciente e a membros da família um formulário com as variáveis: presença de portador de ferida no domicílio; características sociodemográficas, e de saúde; classificação das feridas quanto: espessura, etiologia, modo de evolução e presença de infecção; assistência prestada pelas USFs. A amostra foi constituída por 50 usuários. RESULTADOS: Constatou-se que a maior parte dos pacientes apresentava faixa etária acima de 60 anos e do sexo feminino; 84% da amostra recebem uma renda de um a dois salários mínimos. Grande índice dos entrevistados referiram ter água e esgoto encanados e 44% gozar de boa saúde. A prevalência de portadores de feridas foi de 68% (34).Relacionado com a classificação das feridas,62% apresentavam densidade parcial; quanto ao modo de evolução, 52% apresentavam feridas crônicas e 44% infecção. Quase metade das feridas (46%) foi classificada quanto à etiologia, como patológicas tendo a maior freqüência correspondente à úlcera venosa (52,4%). Todos os entrevistados referiram ter seus curativos renovados diariamente, 76,5% renovam seus curativos no próprio domicílio e 76,5% contam com leigos para realizar seus curativos. CONCLUSÕES: A prevalência de portadores de feridas realça esta situação como problema de saúde pública; há maior proporção de feridas crônicas, associadas à doença de base que embora de densidade superficial apresentavam considerável taxa de infecção; a caracterização da assistência recebida mostrou que os pacientes têm seu tratamento e procedimento realizados no domicílio, destacando a importância para ações de educação e monitoramento dessa prática por parte dos enfermeiros das USFs.