O processo envolvendo doença e cura tem sido influenciado, através dos tempos, pelos paradigmas que regem os conceitos de saúde e a doença. Atualmente, com o avanço das discussões sobre saúde, percebeu-se que a garantia do cuidado mais individualizado e a promoção da saúde, necessita ir além do discurso da “ausência de doença”. Tornou-se então necessário um paradigma contextualizado com os “novos” conceitos que envolvem o processo dinâmico de vivenciar a saúde e a doença. Nesse sentido, o presente trabalho consta de uma breve análise da obra "menino de engenho", publicada no Brasil em 1932, pelo romancista regionalista José Lins do Rego na segunda fase literária do Modernismo. A análise teve por objetivo refletir acerca dos modelos de saúde, a partir do referencial teórico do processo saúde-doença, elencando as principais problemáticas apresentadas na obra, quais sejam: situação educacional, sanitária, hábitos de vida e doenças sexualmente transmissíveis. Diante disso, foi realizado um estudo bibliográfico, descritivo e reflexivo para analisar a obra, observando os hábitos de vida das personagens e o contexto e educacional sanitária do Engenho, fazendo, posteriormente, uma inter-relação da mesma com o processo saúde-doença e o modelo de crenças em saúde. Observou-se que o processo saúde doença não é um algo individual, tampouco se refere exclusivamente à dimensão biológica do homem. É um processo particular de uma sociedade que se expressa no nível individual às condições coletivas de vida resultantes das características concretas dos perfis de produção: os processos de trabalho; os perfis epidemiológicos; hábitos de consumo; estilos de vida e as conseqüências destes, nas diferentes formas de vida que se articulam às correspondentes condições favoráveis de saúde e de sobrevivência, assim como as condições desfavoráveis, isto é, aos riscos e agravos à saúde. Nessa obra, percebeu-se a descrição de uma gama de doenças sexualmente transmissíveis, vinculadas a hábitos de risco, e principalmente a relação de dominação do senhor de engenho aos escravos. Conclui-se que, é impossível desvincular todas as características do processo saúde doença apresentadas na obra analisada, do contexto histórico, uma vez que as idéia de doença/cura e saúde também são ajustáveis a época.