Define-se droga como qualquer substância capaz de promover mudanças fisiológicas e/ou comportamentais nos seres vivos. As mulheres passaram a constituir importante participação no grupo de consumidores, incluindo as usuárias gestantes. Sabe-se que na gestação, o organismo materno enfrenta modificações que pode influenciar nos processos de absorção, distribuição e, principalmente, metabolismo e excreção das drogas. Logo, o uso abusivo destas substâncias neste período pode ocasionar uma série de efeitos deletérios ao binômio mãe-filho, sendo fundamental a participação de políticas e programas de saúde local, que ofereçam atendimento especializado, desde as unidades de saúde, ao Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Droga (CAPS AD). Deste modo, objetivou-se descrever o perfil das gestantes usuárias de drogas de abuso atendidas no CAPSad; identificar as drogas mais comumente utilizadas; e conhecer a atuação dos programas em saúde local, voltados às usuárias gestantes e a participação das mesmas. Foi realizada uma pesquisa de caráter descritivo e retrospectivo, com análise de prontuários institucionais. A amostra foi composta por 15 prontuários de gestantes usuárias atendidas no período de janeiro de 2005 a julho de 2010, cujos dados foram compilados numa planilha elaborada pelo autor, e analisados por meio de porcentagem simples. A faixa etária prevalente foi de 23 e 29 anos; a grande maioria apresentou baixa escolaridade; o crack foi a droga mais consumida; conflitos familiares e histórico de dependência química na família estiveram presentes; o uso de drogas provavelmente as colocava em situações de risco, sendo que algumas gestantes relataram a prostituição e a violência no cotidiano. Ainda, o estudo identificou um acompanhamento pré-natal inadequado, uma vez que o contato em Unidades Básicas de Saúde e no CAPSad. Neste último serviço, o acompanhamento era de maneira esporádica, e os registros eram poucos esclarecedores ao se tratar da assistência ofertada pela Unidade de Saúde, demonstrando possivelmente uma fragilidade no sistema de referência e contra referência do município.Conclui-se que é preciso haver compromisso por parte das políticas de atenção em saúde materno-infantil com o intuito de oferecer uma assistência integral e contínua às gestantes, especificamente às usuárias de drogas, para que os efeitos nocivos das drogas de abuso no período gestacional sejam minimizados, e desta forma promover a qualidade de vida ao binômio mãe-filho.