O aborto provocado é considerado um problema de saúde pública, devido às suas conseqüências, dentre elas a morte materna e seqüelas graves como a infertilidade. Os objetivos desse estudo consistem em caracterizar as adolescentes em situação abortiva entre 15 e 19 anos, quanto aos aspectos sócio-econômicos, culturais e obstétricos, hospitalizadas em uma maternidade pública de Teresina-PI; verificar as intercorrências oriundas do aborto e complicações pós-curetagem em adolescentes. Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quantitativa. A população é constituída de adolescentes entre 15 e 19 anos admitidas em situação abortiva. A amostra é do tipo acidental e a coleta de dados se iniciou no período de novembro de 2009, por meio da técnica de entrevista, mediante aplicação de um formulário, contendo perguntas abertas e mistas. Também empregou-se a análise documental dos registros contidos nos prontuários das adolescentes, onde constava o diagnóstico de aborto ou ameaça de abortamento. Para a análise dos dados foi utilizado o software SPSS, versão 17.0. O perfil identificado revelou que as adolescentes, em sua maioria, estavam na faixa de 15 a 19 anos, cursavam o ensino fundamental, tendo apenas os estudos como ocupação, com renda familiar entre um e dois salários mínimos, composição familiar de até três pessoas, que se encontravam solteiras, tinham como religião o catolicismo, com menarca ocorrida dos 12 a 14 anos, com apenas um parceiro sexual, primigestas e que vivenciavam o aborto pela primeira vez, que não planejaram esta gravidez, mas que esta foi bem aceita pelos familiares. Percebe-se nitidamente, a imaturidade das jovens ao lidar com uma gestação não planejada, em face ao despreparo familiar em receber e dar um melhor seguimento a essa gravidez e que já lida com circunstâncias adversas que agravam ainda mais a situação. Os serviços de saúde devem assumir, portanto, a missão ímpar de traçar estratégias de cunho preventivo, voltadas para a clientela adolescente e inseridas na sua comunidade em locais como a escola, postos de saúde e associações de moradores, utilizando como principal ferramenta a orientação segundo diversas metodologias e também promovendo o envolvimento de equipe multidisciplinar. As temáticas poderão envolver não somente o tema em questão, mas também abordar temas transversais como drogas, a própria orientação sexual e gravidez na adolescência, a violência, o suicídio, que tanto tem acometido os adolescentes e adultos jovens.