Introdução: Os profissionais de enfermagem são frequentemente expostos a precarização das condições e relações de trabalho no ambiente das instituições de saúde, com riscos ocupacionais que culminam na ocorrência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais de variadas naturezas, repercutindo em elevado absenteísmo e licenças-saúde. Tratando-se especificamente do ambiente hospitalar o estudo das relações entre saúde-doença-trabalho aponta, entre outras situações inadequadas de trabalho, que prolongadas jornadas de trabalho trazem prejuízos à saúde física e mental dos trabalhadores interferindo assim na qualidade da assistência prestada à clientela e nas relações inter-pessoais, dentro e fora do trabalho. Objetivos: Relatar a vivência atual dos trabalhadores de enfermagem de uma instituição pública de Saúde do interior do estado de São Paulo, de ensino, após mudança da jornada para 40 horas semanais depois de 20 anos beneficiados com 30 horas semanais. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, em que a autora, na sua prática cotidiana, vivencia quanto à mudança da carga horária no período compreendido desde 2005 até os dias atuais, na instituição de ensino. Resultados: O sofrimento gerado nesses trabalhadores, que depois de 20 anos, tiveram que reestruturar seu cotidiano adequando-o ao aumento da jornada de trabalho de 30 para 40 horas semanais, desencadeou uma crise com profundos reflexos dentro e fora do local de trabalho, com o agravante de, em virtude de se tratar de força de trabalho feminino, há o acúmulo das responsabilidades das tarefas domésticas no restrito tempo livre. A autora, ainda verificou através de documentação obtida em um serviço de enfermagem da instituição que atualmente é mais comum as saídas antecipadas e entradas nos turnos com atrasos. Conclusão: Na condição desta nova realidade do aumento da jornada, os profissionais de enfermagem expostos a longa e pesada jornada de trabalho em instituições de saúde que deveriam ser ambientes terapêuticos, mas se transformam em locais de degradação psicofísico, a assistência prestada ficou comprometida e tornou-se fragilizada e vulnerável. Nesse contexto é grande a expectativa pela aprovação da Lei que proteja este trabalhador com relação a sua jornada de trabalho.