A visita domiciliar(VD) é um produto de toda ação voltada para a saúde de forma a atender o indivíduo, tanto educativamente quanto proporcionando suporte assistencial in loco, permitindo reduzir custos hospitalares, melhorar o prognóstico aos pacientes e oportunizar o educar não somente ao paciente, mas também à família e aos demais cuidadores. Com o objetivo de descrever a prática da visita domiciliar puerperal no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF) a duas pacientes acompanhadas no pré–natal, o relato de experiência da Enfermeira e a Agente Comunitária de Saúde (ACS) na zona urbana da ESF - Raimunda Domingos de Moura no Município de Cuité/PB, foi importante enquanto escolha metodológica. A exploração do campo possibilitou a compreensão dos mais diferentes aspectos da realidade; a observação de fatos e fenômenos como ocorrem na realidade, permitiu uma boa coleta de material empírico para análise e interpretação, com base em uma fundamentação teórico-filosófica dialética, que resguarda o diálogo filosófico sem jamais fechá-lo, justamente porque se baseia na experiência, objetivando compreender, explorar e discutir o problema pesquisado. Para discussões dos problemas culturais vivenciados, desencadeando nas demais interfaces contextuais, a equipe de saúde deparou-se com duas realidades dialéticas entre duas gestantes que precisavam de atendimento domiciliar puerperal. Enquanto o atendimento à puérpera social e economicamente estabilizada requereu apoio meramente informativo, uma vez que as condições de higiene e grau de esclarecimento familiar eram satisfatórios, a segunda usuária vivenciava uma situação de pobreza que gera dificuldade de orientação e uma preocupação no estilo de vida saudável e necessária à sobrevivência do ser humano em sua dignidade. O olhar sobre essas duas realidades vai além do domicílio, ultrapassa o contexto social que permeia a realidade das famílias, pois se tornam alvo estratégico de investigação para a ESF, quanto a orientar um processo de subsídio alimentar, infra-estrutura e econômica quando não se tem o alimento, a moradia, saneamento básico e dinheiro. A riqueza da experiência domiciliar transcende o cuidado, revela as histórias da vida da comunidade e elucida a responsabilidade do profissional em interagir com um olhar humano, mesmo ciente da necessidade do conhecimento técnico, num mundo distinto, hierárquico, capitalista e de realidades opostas.