Introdução: as circunstâncias que acompanham cada gestação são únicas e determinantes. Assim, durante a assistência pré-natal, o enfermeiro deve buscar compreender os múltiplos significados da gravidez para a mulher e a família, considerando-os individualmente em suas queixas, anseios e dúvidas. Entretanto, na nossa prática em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), observamos a existência de um atendimento verticalizado, biologicista, com foco de atenção direcionado à gestante. Sentimos uma forte resistência quanto à formulação de ações que visem incluir o pai durante as consultas de pré-natal, contribuindo para a negação da gravidez enquanto evento social. Objetivo: analisar o contexto onde se desenvolve o fenômeno da resistência quanto à formulação de ações que visem incluir o pai durante as consultas e assistência pré-natal em uma UBS. Metodologia: trata-se de um trabalho desenvolvido na disciplina Prática Baseada em Evidências (PBE), do curso de Mestrado em Enfermagem da UFRN. Utilizamos a análise de contexto segundo Hinds, Chaves e Cypress (2000) e o fenômeno como sendo a resistência à formulação de ações que visem incluir o pai durante a assistência pré-natal por parte dos enfermeiros que prestam atendimento à gestante em uma UBS, Natal/RN. Recorremos a literatura disponível em livros, bibliotecas virtuais e manuais do Ministério da Saúde (MS) para embasarmos nossas discussões. Resultados: a ausência de ações que procurem incluir o pai no pré-natal passa, necessariamente, pelas condições que são oferecidas para que esse acontecimento seja admitido como importante. A formação e os valores individuais e coletivos do profissional de saúde constituem elementos que podem determinar sua posição frente a gestante, ao companheiro e demais familiares. Somado a isso, entendemos que os manuais e programas desenvolvidos pelo MS trazem citações acerca da importância da participação familiar durante o pré-natal no sentido de desenvolver meios para que essa se sinta acolhida. Entretanto, essas práticas ainda são raras e pouco desenvolvidas. Conclusão: a análise do contexto torna-se indispensável quando se pretende obter um significado para um determinado acontecimento. A enfermagem, enquanto prática, deve estar atenta em conhecer as condições que facilitem o envolvimento do pai na gestação para assim desenvolver estratégias que possam acolher o casal à luz da humanização da assistência.