Inicialmente, o cuidado era uma atividade empírica praticada por setores da sociedade como religiosos e mulheres. Daí porque a trajetória histórica da enfermagem e da mulher estarem ainda tão intimamente conectadas em decorrência do cuidado fazer parte integral de suas vidas, pois, sempre coube a estas, a responsabilidade com a vida humana em todas as suas fases. Foi com Florence de Nightingale que a Enfermagem tomou maior importância e caráter científico tornando-se ciência e firmando o cuidado como ente. O cuidado com o ser humano e com o meio que nos cerca e o cuidado na prática e no ensino de enfermagem, é uma temática de amplas nuances que merece grande atenção, com discussões voltadas a questionar o modelo biomédico ainda arraigado na prática da enfermagem, em que o usuário é visto como objeto em vez de sujeito de direitos à saúde, como preconiza a Constituição de 1988, não permitindo a visão holística do homem e fragmentando o cuidado de enfermagem. O presente estudo teve como objetivos mostrar a importância do processo de cuidar sob a ótica da humanização em caráter holístico e transformador e destacar a importância do ensino calcado no processo reflexivo. Teve como percurso metodológico a realização de pesquisa bibliográfica em fontes distintas como livros, monografias, artigos publicados em revista e bases de dados especializados no tema, sendo formatado segundo as normas da ABNT. O cuidado não é apenas um conceito nem uma prática isolada: é uma combinação de sentimentos de afeição e responsabilidade, com ações que suprem as necessidades pessoais de um ser humano em uma interação face a face, entre cuidador e ser cuidado. Para ensinar o cuidado não existe manual nem regras estabelecidas, para proceder nesse campo deve-se sentir e estar integrado ao cotidiano para que ele possa ser transformado. Para esse objetivo, é essencial que os docentes valorizem o cuidar e para tal é esperado que a reflexão crítica desenvolvida no profissional de enfermagem seja ampliada já na universidade. Torna-se urgente a necessidade de repensar o papel da enfermagem e buscar uma reconstrução das multi-dimensões dos papéis do enfermeiro (técnico, ético, cientifico, relacional e político) desde o seu processo de formação acadêmica até na vida profissional, de forma que o seu cuidado tenha o poder de contribuir não só para a cura de uma ferida, mas que transcenda para uma prática transformadora, onde o cuidado seja de sujeito para outro sujeito.