O conceito de violência acaba por transcender qualquer significado, e esta, portanto seria uma das suas dificuldades, por tratar-se de um fenômeno da ordem do vivido, cujas manifestações provocam ou são provocadas por uma forte carga emocional de quem a comete, de quem a sofre e de quem a presencia. Objetivou-se investigar a percepção da criança que reside na periferia de Fortaleza – Ceará – Brasil acerca da violência. Trata-se de uma pesquisa descritiva – exploratória com abordagem qualitativa que ocorreu no período de março a outubro de 2007, cujos participantes foram 10 (dez) crianças, alunos do Ensino Fundamental, de ambos os sexos entre 06 e 12 anos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada, gravada e transcrita. Adotou-se para organização dos dados a análise de conteúdo de Bardin. Seguiu-se a Resolução 196/96 que regulamenta a pesquisa com seres humanos. O trabalho obedeceu às normas bibliográficas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Após a análise dos dados emergiram as seguintes categorias: Práticas de roubos na comunidade e O uso ilegal de armas. Percebe-se que as crianças referem-se à violência urbana observada no seu cotidiano através de relatos que descrevem práticas ilegais, como o roubo e o uso de armas. A violência e seu significado é vista na possibilidade de compreensão destes atos enquanto fenômeno, assumindo ser impossível compreendê-lo sem se interrogar sobre os sentidos, os valores e as crenças que estruturam e presidem a vida social, os quais são o conteúdo por excelência das representações sociais. Conclui-se que a percepção da criança acerca da violência está ligada a vivência dos atos violentos na comunidade, o que faz surgir a necessidade da conduta efetiva da sociedade no planejamento e implementação de programas de prevenção da violência nas periferias. Acredita-se que estudos como este servem de subsídios para ações de atenção preventiva, visando à melhoria das condições de vida da comunidade, para assim melhor direcionar as ações de promoção e prevenção à saúde. Dessa forma, o conhecimento profundo da realidade vivida por crianças em situação de risco social, possibilita nortear ações preventivas e de promoção da sáude com foco na violência para as crianças, assim como para toda a comunidade.