A expansão da Esquistossomose da área rural para áreas litorâneas e em periferia de áreas urbanas do Estado de Pernambuco, aponta para uma expansão da endemia com mudanças no seu perfil clínico-epidemiológico. Estudos confirmam que focos da doença vêm surgindo em Recife, em locais de povoamento intenso ou recente, onde se reproduzem as más condições de saneamento. O trabalho descreve os principais aspectos sóciodemográficos e clínicos de portadores da forma grave hepatoesplênica da esquistossomose. Estudo transversal, com 5 pacientes naturais de Recife-PE, atendidos em Hospital Universitário da cidade, de setembro de 2008 a março de 2009. Os casos foram diagnosticados por ultrassonografia de abdome que confirmou fibrose periportal e esplenomegalia. Comprovou-se maior ocorrência da doença entre 31 a 60 anos, com predominância do sexo masculino 60%. A Hemorragia digestiva alta (HDA) esteve presente em 80% dos casos e 60% dos pacientes não realizaram tratamento prévio para hipertensão portal. No entanto, 80% dos individuos trataram a esquistossomose previamente com praziquantel. Observou-se a presença da Hepatite C em 14,3% dos indivíduos representando a única co-infecção existente nestes casos. O estudo sugere o aparecimento da forma grave da doença em Recife-PE, onde até o momento, não havia relatos na literatura sobre o aparecimento de casos graves em indivíduos nascidos nestas áreas, bem como, a gravidade destes casos pela alta freqüência de episódios de HDA, mostrando a necessidade de vigilância contínua do Programa de Controle de Erradicação da Esquistossomose nesta área.