Os agrotóxicos são responsáveis no Brasil por mais de 500 mil intoxicações, com cerca de quatro mil mortes por ano. O submédio do Vale do São Francisco, um dos principais pólos da fruticultura irrigada utiliza uma grande quantidade e variedade de agrotóxicos, implicando na exposição da população ao efeito nocivo dessas substâncias. Pesquisas nessa área mostram que, mesmo com mais de 51% da sua população economicamente ativa empregada na agricultura, as equipes de saúde não tem preparo para diagnósticar e notificar intoxicação. Contudo, o projeto visa sensibilizar os profissionais da rede de atenção básica, Estratégia Saúde da Família (ESF), de Petrolina quanto à importância do diagnóstico e da notificação. O acompanhamento às visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), somado às entrevistas guiadas possibilitaram um diagnóstico prévio de seus conhecimentos sobre intoxicação, marcando as atividades iniciais do trabalho. Em seguida foram realizadas oficinas abordando os problemas ocasionados pelos agrotóxicos à saúde humana, assim como a identificação dos principais sinais e sintomas de intoxicação, a importância da notificação e as atribuições dos ACS’s quanto ao seu papel no diagnóstico e notificação desses agravos. Os dados analisados mostraram que 100% dos profissionais acompanhados estavam despreparados quanto ao atendimento ao exposto e intoxicado por agrotóxico; não tinham segurança em reconhecer sinais e sintomas relacionados e jamais receberam treinamento nesta área, o que justifica a não realização de atividades educativas com a população em risco. Apesar da maioria dos agricultores da comunidade trabalhar diretamente com esses produtos, nunca houve nenhum caso notificado de intoxicação na área. Quanto aos sistemas de referencia, as instituições citadas foram o hospital e o Centro de Referencia em Saúde do Trabalhador (CEREST), porém 100% dos profissionais desconheciam a real função deste como serviço de apoio aos trabalhadores.