INTRODUÇÃO: Acredita-se que “a doença é um processo no sujeito, não é um defeito no corpo, no órgão ou no funcionamento bioquímico. Há uma complexidade no processo saúde-doença que ultrapassa o orgânico simples. Para além deste processo de um sujeito é fundamental considerar todos os micro-processos (e também o macro-processos) sociais subjacentes ao individual. Tais processos sociais implicam a noção de espaço “considerado fruto da dinâmica de sua complexa organização e interações, incluindo todos os elementos, inclusive o físico, ou seja, é concebido como espaço geográfico humanizado pelas relações sociais.”. Entretanto, como a relação loucura e espaço foi sendo tecida ao longo da história da loucura? Como se dá esta relação do ponto de vista da literatura científica publicada? OBJETIVO:Compreender a forma como a concepção de espaço vem sendo tratada no processo saúde-doença mental. METODOLOGIA:Trata-se de um estudo bibliográfico que buscou na literatura as produções científicas que continham elaborações acerca dos termos loucura e espaço. Com bases nos achados procedeu-se a análises relativas ao tema tomando por elementos ilustrativos e argumentativos dois contos de Guimarães Rosa, “A terceira margem do rio” e “Sorôco, sua mãe, sua filha”, como dois pilares capazes de a partir da Arte, articular a complexa relação loucura e espaço. No conto A terceira margem do Rio privilegiou-se discutir a questão do interior e do exterior. No conto ‘Sorôco, sua mãe, sua filha’ o recorte se deu no sentido de ilustrar os possíveis espaços da loucura. Conclui-se que a loucura não encontra espaço nas cidades, mas em lugares circunscritos. Os contos mostram o espaço geográfico definitivamente modificado pela loucura e é determinante e determinado. Constata-se carência de construções teóricas e metodológicas que dêem conta da complexa relação loucura espaço.