Ao longo dos 509 anos de construção do espaço brasileiro o índio experimentou uma série de marcantes e irreversíveis transformações, seja em aspectos mínimos de seu habitat, seja em uma total metamorfose de sua estrutura social, dependendo do grupo indígena ou do grau de introdução de outras culturas. Sendo importante pontuar o conceito de indígena proposto pelo antropólogo Darcy Ribeiro in funai.gov.br: “(...) aquela parcela da população brasileira que apresenta problemas de inadaptação à sociedade brasileira, motivados pela conservação de costumes, hábitos ou meras lealdades que a vinculam a uma tradição pré-colombiana (...)”. Este ensaio visa demonstrar algumas visões ao qual o índio serviu de objeto, bem como de agente transformador, abordando desde a “passividade” narrada pelos descobridores até as articulações políticas, tendo como principal ator o indígena, em busca de uma vivência melhor, com maior qualidade de vida e representatividade no cenário político, social, legal e, sobretudo, cultural.O índio de aliado se mostrou um grave inimigo, uma vez que, no geral, não aceitou passivamente a dominação portuguesa, sendo assim, foram endemoniados para justificar as crueldades a que foram submetidos. Como enfermeiras, devemos estar atentas para essas vertentes que em muito enriquecem nossa diversidade como país e como nação, desta feita, negar a existência e importância dessa parcela da sociedade é, em parte, negar a nós mesmos. Ao visualizar de forma sucinta a experiência indígena no decorrer da história desse país fica claro o descaso inicial à manutenção da cultura e da estrutura social de índio, havendo um grande interesse em destruí-lo no que tange o diferente. Hoje, no entanto, com a construção de uma rede de amparo ao índio e a modificação especialmente no sentido da tolerância étnica tem possibilitado um Brasil mais acessível e plural.