Este estudo após Parecer nº ETIC 333/06, avaliou os fatores relacionados ao acesso e utilização dos serviços de saúde, pela população urbana do município de Jequitinhonha, Minas Gerais. A amostra do estudo foi de 1235 indivíduos com idade ≥ 18 anos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi por questionário sociodemográfico e de acesso e utilização dos serviços de APS. Para solucionar problemas de saúde grande parte dos indivíduos (83,2%) referiram habitual acesso às unidades básicas de saúde além do uso de chás caseiros (61,3%) e automedicação (48,4%). Dentre os que aguardavam a realização de exames e consultas especializados (37,5%), a espera estava superior a 3 meses (39,7%). Nos últimos 30 dias, 34,5% dos indivíduos mencionaram sintomas e 28,7% restrições em suas atividades habituais. A utilização nesse período foi de 49,1% dos entrevistados sendo a maioria mulheres, além dos indivíduos com idade ≥ 50 anos, com menor escolaridade e aposentados ou desempregados (p≤0,001). Os motivos mais citados para esta utilização foram presença de sintomas/doença (39,6%) e controle de doenças crônicas (22,8%) (p≤0,001). Em geral, os indivíduos receberam atendimento (81,7%) e medicação (52,7%) gratuitamente, gastaram cerca de 30 minutos no deslocamento (54,3%) e para serem atendidos (61,3%). Apenas 10,1% dos usuários não foram atendidos no primeiro momento que buscou atendimento, sendo os motivos a ausência de vagas (41,0%), de atendimento profissional (45,9%) e de medicação (18,0%). A maioria dos indivíduos (90,3%) avaliaram como muito bom e bom o serviço recebido apesar de sugerirem melhorias para os serviços de saúde. No município, o serviço de APS não se constitui um problema para a maioria dos entrevistados. Porém é necessário aprofundar o conhecimento sobre aspectos que envolvem o sistema de saúde, visto que os achados sugerem a existência de obstáculos organizacionais que podem dificultar o acesso.