O presente estudo teve como objetivo identificar a interferência da formação profissional no cotidiano de trabalho das enfermeiras-gerentes dos serviços hospitalares de Montes Claros-MG. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de natureza qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram nove enfermeiras que trabalham gerenciando os serviços de enfermagem de três instituições hospitalares de Montes Claros- MG. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e de um questionário destinado à identificação do perfil dos entrevistados. Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Os resultados mostraram que aspectos ligados à formação acadêmica e à capacitação das enfermeiras-gerente são considerados como fatores determinantes no exercício da função gerencial. De acordo com os depoimentos, as gerentes consideram que a formação acadêmica de enfermagem lhes conferiu conhecimento necessário para o exercício profissional e para a adoção de uma visão administrativa, fundamental para o gerenciamento do setor. Ademais, o conhecimento assistencial guia as ações administrativas e, portanto, sua ausência torna o trabalho gerencial mais árduo. A vivência prática e assistencial do ser enfermeiro é descrita como facilitadora de algumas funções gerenciais, como por exemplo, a gestão de pessoas, com especial ênfase para a atividade de recrutamento. Entretanto, foram apontadas deficiências na formação acadêmica, relacionadas à ênfase nas normas e rotinas e na elaboração de escalas, relegando a um segundo plano as demais funções e habilidades administrativas. Dessa forma conclui-se que o ensino de graduação na enfermagem necessita ser contextualizado, buscando a formação de profissionais que estejam em sintonia com as transformações da sociedade contemporânea, visto que a participação da enfermeira na gerência reflete a nova realidade, evidenciando assim a necessidade de busca, de reestruturação e adequação de seu processo de trabalho.