A toxoplasmose, infecção benigna e auto-limitada em sua maioria, pode causar graves danos ao concepto quando adquirida durante a gestação. Profilaxia primária para susceptíveis, diagnóstico precoce e tratamento específico das gestantes infectadas previnem ou atenuam a infecção fetal. Foi realizado estudo descritivo abordando aspectos clínico-epidemiológicos de 242 gestantes e seus filhos com suspeita de toxoplasmose aguda, atendidos em consulta de enfermagem no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas/ Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, centro de referência em toxoplasmose do Rio de Janeiro. Participaram gestantes encaminhadas com teste IgM anti-T. gondii reagente. As características predominantes foram: baixo nível de instrução; encaminhamento por unidades públicas de saúde; idade gestacional avançada. Os problemas identificados nos serviços de pré-natal foram: demora no diagnóstico sorológico; demora no encaminhamento; ausência de tratamento e indisponibilidade do teste de gravidez de IgG para 80% das gestantes. Na confirmação dos testes sorológicos foram identificadas 7% de gestantes com diagnóstico sorológico consistente de infecção recentemente adquirida. A maioria (53,3%) apresentou quadro compatível com infecção crônica; no entanto, houve impossibilidade de exclusão de infecção adquirida na gestação pela avançada idade gestacional no primeiro atendimento. Entre os testes sorológicos realizados em outros laboratórios, observou-se que 43,8% apresentavam IgM falso-positivos. Nenhum caso de toxoplasmose congênita foi identificado entre as crianças acompanhadas. A descrição dos aspectos sociais, clínicos e epidemiológicos da população atendida fundamentou a discussão de medidas para aprimoramento no atendimento de gestantes e crianças, além da possibilidade de elaboração de políticas para prevenção da toxoplasmose gestacional.