Introdução: O trabalho exerce um papel fundamental na vida do ser humano, em contrapartida, expõe os trabalhadores a fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças profissionais e ocupacionais, dentre as quais, o Transtorno Mental Relacionado ao Trabalho (TMRT). Segundo a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho do Ministério da Saúde, o TMRT pode ser enquadrado com um acidente de trabalho. Dessa maneira, o aumento expressivo dos casos de TMRT, sobretudo após as mudanças ocorridas na sociedade e nas relações de trabalho durante a pandemia do Covid 19, e o desafio em estabelecer o nexo causal do TMRT como um acidente de trabalho tem preocupado as equipes de saúde do trabalhador. Objetivo: relatar as estratégias utilizadas para determinar o nexo causal do transtorno mental relacionado ao trabalho como um acidente de trabalho. Método: trata-se de um relato de experiência dos profissionais médicos e enfermeiros do trabalho de uma universidade pública federal, perante o estabelecimento do nexo causal do TMRT como um acidente de trabalho. Resultados/discussão: depreende-se que o estabelecimento do nexo causal é desafiador para a equipe de saúde do trabalhador, haja vista a multifatoriedade dos transtornos mentais e da complexidade em relacionar o adoecimento ao ambiente laboral. Contudo, foram implementadas ações com vistas a mitigar tais dificuldades, como o atendimento multidisciplinar e interdisciplinar, formação de grupos de trabalho para discutir os casos, criação de um observatório com o intuito de obter dados epidemiológicos para direcionar a assistência, oferta de atividades com vistas a promover a qualidade de vida e de trabalho, além da formação de uma comissão para resolução de conflitos no ambiente de trabalho. Considerações finais: o nexo causal do transtorno mental relacionado ao trabalho como um acidente de trabalho exige uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar, colaboração entre profissionais de saúde, gestores de recursos humanos e especialistas em saúde do trabalhador, entretanto, destaca-se a prevenção ativa e a intervenção precoce como estratégias fundamentais na manutenção da saúde, segurança e qualidade de vida dos trabalhadores.