INTRODUÇÃO: O uso de tabaco é considerado o fator de risco modificável que mais causa morte no mundo. Pesquisas atuais mostram que o consumo desta substância reduziu de 35% no final da década de 1980 para 15% em 2003, com notável estabilização após esse tempo. Apesar disso, houve tendência do crescimento do tabagismo feminino a partir do século XX, fato que eleva o risco de morbimortalidade neste grupo. OBJETIVOS: Identificar a tendência temporal da prevalência do consumo de tabaco entre mulheres adultas em idade reprodutiva em uma capital de estado brasileiro no período de 2007 a 2020. MÉTODOS: Estudo de série temporal utilizando dados anuais coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) entre os anos 2007 e 2020. O consumo de tabaco (referir consumo de tabaco diariamente ou esporadicamente) entre mulheres em idade reprodutiva (18 a 49 anos), residentes na capital de Minas Gerais, foi estimado para o total da população e de acordo com variáveis sociodemográficas. Modelo de regressão linear foi usado para identificar tendências significativas no período completo analisado. O Vigitel foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CONEP) (CAAE número 65610017.1.0000.0008). RESULTADOS/DISCUSSÃO: Das 7.642 mulheres em idade reprodutiva avaliadas, observou-se redução em todos os estratos sociodemográficos analisados. Nesse sentido, houve tendência significativa de redução entre as mulheres de 18 a 24 anos (-0,50 pp/ano, p=0,003) e de 35 a 49 anos (-1,03 pp/ano, p=0,000); com níveis de escolaridade entre 0 a 8 (-0,99 pp/ano, p= 0,019) e 12 ou mais (-0,45 pp/ano, p= 0,002) anos de estudo. Além disso, na análise racial, evidenciou-se a redução do consumo de tabaco tanto para as mulheres negras e outras (-0,58 pp/ano, p=0,001) quanto para as brancas (-0,69 pp/ano, p= 0,001). Em relação ao fato de ter ou não companheiro, houve redução para ambos (-0,56 pp/ano, p=0,001; -0,78 pp/ano, p=0,001, respectivamente). Em contrapartida, houve manutenção do consumo de tabaco por mulheres com idade entre 25 a 34 anos e na faixa de escolaridade de 9 a 11 anos de estudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que houve tendência de redução do consumo de tabaco por mulheres em idade reprodutiva entre os anos 2007 e 2020 com maior magnitude em mulheres mais velhas, de baixa escolaridade, brancas e solteiras.