Introdução: O enfermeiro na Atenção Básica (AB) possui papel de destaque no que se refere à saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes, com destaque para a gravidez precoce, que se constitui em um desafio à saúde pública na contemporaneidade. Objetivo: Descrever a percepção de enfermeiros da AB de um município cearense acerca da gravidez na adolescência. Método: Estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa, desenvolvido com seis enfermeiros atuantes em equipes de Saúde da Família do município de Jaguaribe, Ceará, Brasil. As informações foram coletadas em junho de 2023, por meio de entrevistas semiestruturadas e submetidas à técnica de análise de conteúdo. A pesquisa seguiu os aspectos éticos com aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Dr. Leão Sampaio, com o parecer de nº 6.060.512. Resultados/Discussão: A análise das falas aponta que os enfermeiros compreendem a gestação na adolescência não apenas como um sério problema ao campo da saúde, mas também como uma questão social, cultural, econômica e familiar, tal como observado: “É um problema muito sério (ENF-1)”, “[...] a gente pode dizer que é um reflexo de muita coisa… reflexo da falta da família… é uma questão educacional e cultural [...] (ENF-3)”. Revelaram também que apesar de muitas ações realizadas com esse foco, o quantitativo de adolescentes grávidas tem aumentado, pelo menos, em suas respectivas áreas de atuação, enfatizando também os riscos que estas correm durante esse processo. “A gravidez na adolescência, embora muito trabalhada com várias ações, é constante na nossa realidade (ENF-6)”, “[...] acarreta muitos riscos nessa fase [...] (ENF-2)”. Além disso, destacaram a importância de se trabalhar a prevenção desta problemática. “Gravidez na adolescente, a gente tem que trabalhar a prevenção sempre (ENF-5)”. Destarte, a literatura aborda que a gravidez na adolescência proporciona problemas psicológicos e físicos, além dos sociais, no que tange aos aspectos profissionais, econômicos e familiares. Considerações finais: Urge a necessidade de intervenções em vários espaços sociais a fim de aprimorar esse debate de uma forma dialógica e despida de julgamentos. Ademais, considerando a complexidade do fenômeno, a Educação Permanente em Saúde deve se fazer presente nas unidades, não apenas galgando conhecimento, mas oportunamente problematizando a realidade e a busca de alternativas para que essa questão não impacte de maneira tão negativa a vida destes jovens.