Introdução: Influenciada pelas concepções europeias e estadunidenses, a noção humanista de saúde mental difundiu-se pelo Brasil e culminou na regulamentação da Lei 10216, em 2001, que formalizou, legalmente, a proteção das pessoas com transtornos mentais e a priorização da oferta de cuidados em ambiente comunitário. Nesse contexto, as práticas cuidativas deixaram de buscar a cura e passaram a enfocar a reabilitação psicossocial, o que exige que os profissionais priorizem a atenção psicossocial no processo de cuidar. A partir dessa realidade, a enfermagem deve valorizar a realidade psicossocial de pessoas assistidas em serviços comunitários de saúde mental, o que corresponde a um desafio para esta categoria profissional que tem uma formação pautada no desenvolvimento de habilidades técnicas. Objetivo: relatar os diagnósticos de enfermagem psicossociais evidenciados em pessoas dependentes de substâncias psicoativas acompanhadas em um serviço comunitário de saúde mental do interior de São Paulo. Metodologia: realizou-se um estudo descritivo do tipo relato de experiência, estruturado pela vivência de um grupo de estudantes de enfermagem durante suas atividades acadêmicas. Esse tipo de estudo compreende uma maneira de registrar experiências vivenciadas e pretende, para além de sua descrição, uma análise crítica e reflexiva a partir do esforço acadêmico e cientifico com apoio teórico-metodológico. Os dados obtidos foram analisados pelos estudantes com a orientação da Professora responsável e sua descrição se fundamentou na taxonomia do North American Nursing Diagnosis Association. Resultados: os diagnósticos de cunho psicossocial evidenciados foram: processos familiares disfuncionais; interação social prejudicada; autogestão ineficaz da saúde; síndrome de abstinência de substâncias aguda; comportamento de saúde propenso a risco e saúde deficiente da comunidade. Considerações finais: faz-se necessário que os enfermeiros valorizem a realidade psicossocial deste público para que possam estruturar um processo de enfermagem pautado na atenção psicossocial e por conseguinte nos pressupostos da Reforma Psiquiátrica.