Introdução: A Tuberculose (TB) se caracteriza como uma doença infectocontagiosa que se apresenta de duas formas diferentes, a TB pulmonar e a extrapulmonar, sendo a TB pulmonar de grande relevância para a saúde pública, uma vez que promove a manutenção da cadeia de transmissão. O referido agravo em saúde possui grande influência dos determinantes sociais, haja vista que grupos populacionais marcados pela pobreza são os mais atingidos, como as pessoas privadas de liberdade (PPL). Ademais, a população carcerária no Brasil está em uma tendência de crescimento, fato que pode contribuir no aumento da disseminação de diversas doenças infecciosas. Objetivo: Verificar a conjuntura da TB na população carcerária do estado do Pará, conforme dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de 2019 a 2023. Resultados e discussão: Segundo o Relatório de Informações Penais, o estado possui 15.727 encarcerados, com uma taxa de ocupação de 116,2%, evidenciando uma superlotação nas penitenciárias. Conjuntamente, nas unidades prisionais existe um risco 28x maior de contrair a TB, fato que associado ao cenário prisional estadual, reforça a continuidade da cadeia de transmissão da doença. Assim, ao se tratar da epidemiologia da TB em PPL no Pará, obtém-se que no período supracitado ocorreu a notificação de 3.548 casos confirmados. Atrelado a isso, a queda de notificações nos anos de 2020 (676) e 2021 (548), traz uma melhora imagética do cenário da TB, já que na pandemia de COVID-19 houve um desaceleramento de políticas públicas de TB por conta das medidas restritivas para a contenção do coronavírus, intensificando a subnotificação, fato este corroborado pelo aumento de casos nos anos seguintes, em que já existia um melhor controle do contexto pandêmico. Considerações finais: Desse modo, compreende-se que a TB se afigura como um problema de saúde consternador nas casas prisionais do Pará. Assim, percebe-se que a pandemia de COVID-19 foi um fator complicador, cujo camuflou um cenário alarmante no estado, uma vez que o histórico atual do panorama da TB nesse grupo de PPL já evidencia uma superlotação, excessiva subnotificação de casos, intricando, ainda mais, a cadência das políticas públicas já existentes para assistência no estado.