Introdução: Em um país como o Brasil, assim como em outros da América do Sul, onde a desigualdade e a violência relacionadas ao gênero persistem historicamente e estão em ascensão, onde os direitos sociais, políticos e civis são negados e negligenciados para a maioria da população, é necessário criar espaços para discutir a questão de gênero. No tocante ao tema em tela, o que se nota comumente é a falta de conhecimento sobre o assunto, o que muitas vezes resulta no fato de que os universitários continuam sendo reprimidos por atitudes que não são consideradas de competência de gênero, por exemplo. Entende-se que é no ambiente de trabalho em saúde que os profissionais devem ter a oportunidade de exercer o respeito à diferença, de modo que são necessárias rodas de conversa para desconstruir preconceitos e estereótipos. Objetivo: A intenção desse projeto de extensão universitária, agora relatado, foi promover a reflexão coletiva sobre situações de discriminação e preconceito de gênero nos diferentes cenários de prática dos futuros profissionais de medicina e enfermagem. Método: Tratou-se de um relato de experiência pedagógica, de abordagem qualitativa, que se utilizou da proposta da pesquisa-ação e como marco teórico analítico foi a Teoria Queer da filósofa Judith Butler que contribui na discussão das lutas do feminismo e de suas complexidades, em suas mais diversas vertentes do feminismo, incluindo o feminismo das mulheres negras, o feminismo heterossexual branco, o feminismo queer, o feminismo das mulheres trans, o feminismo liberal, feminismo de raiz socialista e diversidades sexogenéricas. O cenário prático foram os componentes curriculares Enfermagem e Contemporaneidade e Habilidades em Saúde dos cursos de Enfermagem e de Medicina respectivamente de uma instituição de ensino superior de Alagoas. Resultados/Discussão: O projeto conseguiu discutir as diferenças de gênero e os feminismos incluídos, suas formas de discriminação e exclusão social, especialmente as construções sociais que são ensinadas desde a primeira infância, principalmente no ambiente familiar e escolar, para definir o que é masculino e feminino. Conclusões: conclui-se que ainda há uma representação social preconceituosa de que as mulheres não têm os mesmos direitos que os homens, de que são reprimidas por comportamentos considerados masculinos, de que são subjugadas ao realizar tarefas diferentes e diversas, em vez de todas as pessoas serem tratadas de forma igualitária e equitativa.