Introdução: O ecossistema vaginal saudável é mantido através do equilíbrio da sua microbiota, incluindo os produtos gerados por esses agentes e a manutenção dos níveis hormonais. No entanto, na presença de perturbações desse microambiente, pode ser necessário a implementação de ações terapêuticas para proteger o bem-estar reprodutivo da mulher. Objetivo: Relatar a experiência de enfermeiras atuantes na Estratégia de Saúde da Família no manejo terapêutico de um caso por Candida sp de repetição e Gardnerella vaginalis. Metodologia: Estudo do tipo relato de experiência, de característica qualitativa-descritiva e significância clínica durante o processo de discussão e manejo das principais queixas femininas durante a consulta de planejamento reprodutivo. Resultados: Mulher, 34 anos, queixando-se de prurido intenso na região vulvar e corrimento de odor desagradável há 3 meses. Ao exame especular, observada secreção acinzentada, bolhosa, de odor fétido e em quantidade moderada nas paredes vaginais, sugestivo de Gardnerella vaginalis. Recomendada dose única de fluconazol 150 mg e Nitrato de Miconazol 20mg/g Creme Vaginal por 7 noites, além de realizada cultura de secreção vaginal, que identificou microbiota vaginal tipo III e presença de Gardnerella vaginalis e Candida sp. Na consulta de retorno, a usuária relata continuidade do prurido, sendo indicada a utilização semanal do Fluconazol 150mg por 6 meses, conforme protocolo do Ministério da Saúde. Discussão: Nas mulheres saudáveis, a microbiota vaginal é predominantemente colonizada por lactobacilos. Esses microrganismos são responsáveis pela produção do ácido lático, que contribui para a manutenção do pH vaginal em torno de 3.8 a 4.5. A depender da proporção desses microrganismos em relação aos demais colonizadores, são definidos três tipos de microbiota vaginal. No tipo III, a quantidade de lactobacilos em relação ao conteúdo da amostra corresponde aproximadamente a 25%, o que favorece a proliferação de bactérias como a Gardnerella vaginalis. Esses agentes repercutem na degradação do epitélio vaginal através da produção de toxinas, criando um microambiente favorável para o crescimento fúngico, sobretudo da Candida sp. Considerações finais: Foi realizado o tratamento de recorrência para candida e a paciente foi orientada a realizar mudanças na higiene íntima. Após três semanas, relatou melhora significativa, com redução importante da leucorreia, ausência de odor fétido e segue em acompanhamento na USF.