Introdução: o modelo de descentralização da assistência às pessoas vivendo com HIV apresenta incontestáveis avanços, entre os quais, destaca-se o fortalecimento do vínculo entre os profissionais e pacientes, o cuidado longitudinal, a busca ativa dos casos, a atuação da equipe na prevenção e promoção a saúde das doenças e agravos. Objetivo: compreender o cuidado em saúde às pessoas vivendo com HIV, sob a ótica dos Enfermeiros da Estratégia Saúde da Família. Método: estudo descritivo com abordagem qualitativa. Participaram do estudo Enfermeiros que compõem equipes da Estratégia Saúde da Família. A coleta de dados foi realizada por meio de roteiro semiestruturado de entrevista. Os discursos obtidos pelas entrevistas foram registrados e transcritos. Na sequência, o corpus textual foi processado pelo software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires, por intermédio do método da Classificação Hierárquica Descendente. Para análise interpretativa dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, ancorada pela Teoria Ator Rede, de Bruno Latour. Resultados/discussão: Compuseram a amostra 25 enfermeiros. Obteve-se aproveitamento de 87,70% do corpus inicial. O constructo coletivo obtido pelo corpus foi agrupado em seis classes. Para melhor compreensão e linearidade das informações, as classes foram agrupadas em dois blocos. Bloco 1: processo de descentralização do atendimento ao HIV do serviço de atendimento especializado para atenção primária à saúde (diagnóstico, acompanhamento e preconceito), com quatro classes: o diagnóstico do HIV: desafio para rede municipal; o preconceito: ainda é um entrave para acesso das pessoas vivendo com HIV na atenção primária à saúde; o processo de descentralização caracteriza-se como avanço no atendimento às pessoas vivendo com HIV; e o acompanhamento dos usuários pelo serviço de atendimento especializado e hospital referência é fundamental para pessoas vivendo com HIV. Bloco 2: práticas assistenciais e educativas na prevenção em saúde (execução do teste rápido, educação em saúde, distribuição de preservativos), com duas classes: a execução do teste rápido sob responsabilidade dos enfermeiros; e a distribuição de preservativo: estratégia da prevenção combinada importante na condução das práticas educativas e de prevenção em saúde. Considerações finais: sob a ótica dos Enfermeiros, descentralizar a assistência é um ganho significativo para pacientes, família e comunidade.