Introdução: trabalhadores de saúde apresentam em seu processo de trabalho altas demandas físicas e psíquicas que podem elevar o risco de adoecimento e presenteísmo (estar presente no trabalho mesmo ao perceber-se doente). Conhecer a frequência deste fenômeno e seus impactos na vida e saúde deste grupo é crucial para dar visibilidade ao fenômeno e suscitar medidas de controle. Objetivo: Investigar desfechos ocupacionais e de saúde associados ao presenteísmo em trabalhadores da saúde atuantes no HU-UNIVASF. Método: estudo de coorte prospectiva com trabalhadores da saúde de um Hospital Universitário do sertão de Pernambuco. Amostragem por conveniência. Os dados sociodemográficos, ocupacionais, presenteísmo e os desfechos absenteísmo, autoavaliação de saúde e desempenho no trabalho (Health and Work Performance Questionnaire) foram avaliados durante dois momentos: no baseline entre fevereiro e março de 2023 e após seis meses. Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado autoaplicado. A medida de associação utilizada foi o risco relativo. O ajuste multivariado foi realizado através de regressão de cox o primeiro modelo testou a associação principal ajustada pela categoria profissional (profissional de saúde) e o segundo ajustou por idade, sexo e possuir outro vínculo. Resultados e discussão: Participaram da primeira coleta de dados 105 trabalhadores, destes 39 preencheram o formulário referente a segunda coleta. A prevalência de presenteísmo foi de 76,3% e a incidência 42,8%. Nos dois modelos ajustados o presenteísmo no baseline apresentou associação forte com os desfechos absenteísmo (RRajustada 1,53 e 2,13), autoavaliação ruim de saúde (RRajustada 2,48 e 20,8) e desempenho inferior (RRajustada 1,33 e 2,61) para o primeiro e segundo modelo respectivamente. Mesmo com uma amostra baixa, a presente pesquisa consegue apontar para uma tendência de causa e efeito em relação a exposição e desfechos estudados. O desempenho dos presenteístas inferior ao dos colegas, ilustra o impacto deste fenômeno na atividade prestada, a maioria lidando diretamente com os pacientes corroborando achados que demonstram consideráveis perdas de produtividade entre as pessoas que trabalham doentes. Considerações finais: os resultados apontam para a alta incidência de presenteísmo e para a forte associação deste fenômeno nos desfechos desfavoráveis em saúde como autoavaliação ruim, absenteísmo e desempenho.