Introdução: A doença de chagas (DC) é causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, que tem como vetor o inseto conhecido como “barbeiro”. Essa patologia pode se manifestar de forma aguda ou crônica, sendo que a forma aguda tem como principais sintomas: febre, mialgia, dor abdominal, dispnéia, edemas de membros e face, além de artralgia. A contaminação se dá pelo contato do homem com as fezes do triatomíneo durante o repasto sanguíneo. A DC também pode ser contraída por via oral, através do consumo de alimentos de origem extrativista bastante presentes na cultura amapaense, sendo eles: açaí, bacaba e palmito. Vale destacar a importância de intervenções em saúde que visem garantir a comercialização segura de tais produtos. Objetivo: Este estudo objetiva analisar a relação entre a via de infecção pelo T. cruzi na DC aguda no Estado do Amapá e os fatores culturais da região. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, através do qual foram levantados dados acerca da ocorrência da doença de chagas aguda no Amapá, bem como sua porta de entrada, dos anos de 2018 a 2022. Os dados foram obtidos por meio do sistema DATASUS e organizados no software Excel. Resultados e discussões: Após análise dos dados, observa-se que a DC ainda é um problema de saúde pública no Amapá, pois, apesar da variação de casos notificados anualmente, sua ocorrência ainda é frequente no estado. Além disso, deve-se ater ao fato de que, em grande medida, a via oral é a principal forma de contaminação, sendo: 94,44% - 2018, 90,9% - 2019, 100% - 2020, 91,30% - 2021 e, por fim, 85,71% - 2022. Tal situação pode ser decorrente do consumo de alimentos contaminados, principalmente o açaí, tendo em vista que o Amapá é o principal consumidor desse produto no país. Estes dados refletem uma falha no que diz respeito ao manejo e à fiscalização dos produtos comercializados no estado. Considerações finais: É de grande importância que ocorra o diagnóstico precoce, rastreamento, monitoramento da doença e maior fiscalização dos produtos comercializados. Ademais, é fulcral que sejam realizadas ações de educação em saúde aos produtores, batedores de açaí e seus consumidores, com o fito de democratizar o conhecimento acerca da etiologia, infecção e prevenção da DC, além do manejo correto das matérias-primas que são suscetíveis à contaminação pelo protozoário. Tais ações devem considerar os aspectos culturais, regionais e socioeconômicos da população.