Introdução: A Antropologia como ciência despertou o interesse em conhecer o indivíduo e suas culturas, exigindo dos pesquisadores uma postura de observação participante. Esse método deu origem à pesquisa etnográfica, onde o pesquisador se insere na cultura a ser estudada, realizando observações sistemáticas e relacionando-se com os sujeitos para construir um processo reflexivo sobre suas impressões e vivências (RIBEIRO, D. V. A, 2013). Objetivo: Relatar a experiência da ambientação como etapa facilitadora para viabilizar estudo da vivência de mulheres em contexto de violência pelo parceiro íntimo. Método: Trata-se de um relato de experiência de quatro discentes do curso de enfermagem vinculadas ao Grupo de Pesquisa sobre o Cuidado em Enfermagem (GPCEnf) da Universidade do Estado da Bahia. A experiência ocorreu de 12/12/2022 a 18/01/2023, com a participação na equipe executora de uma pesquisa universitária realizada em dois serviços especializados de atendimento à mulher em situação de violência pelo parceiro íntimo do município de Senhor do Bonfim, Bahia: Ronda Maria da Penha e Centro de Referência da Mulher Mãe Sulinha. Resultados: A vivência permitiu reconhecer que a ambientação ajudou as discentes a compreender melhor aspectos teóricos previamente estudados sobre a assistência nos dois serviços especializados. Foi possível vincular-se com as mulheres em situação de violência, entendendo melhor os aspectos psicossociais, culturais e de gênero do grupo. Essas compreensões ajudaram a delimitar o instrumento e a estratégia de coleta de dados do projeto, como adequar a coleta à dinâmica das instituições e identificar espaços de coleta que respeitassem os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos. A vinculação das pesquisadoras com os profissionais das instituições facilitou o compartilhamento da decisão sobre quais mulheres poderiam ser convidadas a participar do estudo e a criação de um fluxo interno para assistência psicossocial imediata, se necessário. Conclusão: A ambientação no cenário e a aproximação com as profissionais da instituição e as possíveis colaboradoras do projeto de pesquisa foram cruciais para o desenvolvimento adequado da coleta de dados. Esse cuidado é especialmente importante em estudos sobre fenômenos de difícil abordagem, como a violência contra a mulher. Recomenda-se que a ambientação seja incorporada como fase preliminar na coleta de dados, especialmente em estudos qualitativos e de difícil abordagem.