A Atenção Primária à Saúde (APS) deve viabilizar a continuidade do cuidado e integração assistencial, ser ordenadora e coordenadora do cuidado. No entanto, existem fragilidades APS que resultam em falhas na prevenção, no diagnóstico e tratamento de patologias da comunidade, podendo causar agravos à saúde, denominados Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP). Índices de hospitalizações por motivos evitáveis podem estar associados à dificuldade no acesso à atenção primária, sendo as crianças o grupo com altas taxas de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP). Objetivo: Caracterizar o perfil clínico-hospitalar de crianças internadas em instituição pediátrica referência na Paraíba, Brasil. Método: estudo transversal de caráter exploratório, descritivo. Os dados foram coletados nos meses de março e abril de 2019, em prontuários disponíveis no Serviço de Arquivo Médico e Estatístico de um hospital infantil referência na Paraíba, Brasil. Realizou-se a análise estatística descritiva. Resultados: No período de agosto de 2017 a julho de 2018, foram registradas 1763 internações. Desse total, 671 foram Internações por CSAP (38,1%). A principal causa de internação foram as intervenções cirúrgicas (32,9%) e, consecutivamente, as doenças do sistema respiratório (29,7%). Observou-se predomínio de crianças do sexo masculino (62,6%), com faixa etária entre um e cinco anos (63,6%), internados por um período de zero a sete dias (71,9%). Cerca de 91,8% das crianças receberam alta hospitalar, contudo 3,6% morreram. Considerações finais: O perfil clínico-hospitalar de crianças internadas indica falhas nos cuidados que deveriam ter sido ofertados às crianças na APS. Dessa forma, recomenda-se o desenvolvimento de ações estratégicas frente às ISAP, a exemplo da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), a fim de assegurar à criança atenção com intervenção precoce e oportuna, evitando o processo de hospitalização, bem como a redução da morbimortalidade infantil.