INTRODUÇÃO: A recusa de hemotransfusões por Testemunhas de Jeová apresenta desafios éticos complexos para profissionais de saúde. Este grupo religioso, fundamentado em suas crenças bíblicas, rejeita a transfusão de sangue e de seus derivados, o que pode colocar em risco a vida de pacientes em situações críticas. Essa recusa desafia a competência técnica dos profissionais de saúde e os confronta com dilemas éticos essenciais, envolvendo o respeito à autonomia do paciente, o dever de beneficência e a obrigação de não maleficência. OBJETIVO: Investigar como os profissionais de saúde enfrentam e resolvem os dilemas éticos associados à recusa de hemotransfusões por pacientes Testemunhas de Jeová. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com busca de artigos indexados nas bases de dados eletrônicas: PubMed, LILACS e Web of Science, realizada em junho de 2024, a partir da combinação dos seguintes descritores em ciências da saúde e palavra-chave: “Bioética”, “Enfermeiro”, “Transfusão de sangue” e “Testemunha de Jeová”, com o auxílio do operador booleano “AND”. Os critérios de inclusão foram: artigos disponíveis na íntegra; idiomas português, inglês e espanhol; e sem delimitação temporal. Excluiu-se as publicações duplicadas e estudos de opinião ou editoriais. Ao final, selecionou-se 4 artigos dentre 9 elegíveis que discutem a temática. RESULTADOS: Três temas principais emergiram da análise dos estudos revisados: (1) Autonomia do paciente versus beneficência para a saúde: conflitos entre a liberdade de escolha do paciente e o dever do profissional de promover o melhor tratamento possível; (2) Impacto das decisões éticas na qualidade de vida: como as escolhas relacionadas às hemotransfusões influenciam a saúde e o bem-estar dos pacientes desse grupo religioso; (3) Papel da equipe de saúde na tomada de decisões compartilhadas: abordagens colaborativas para alcançar consenso ético entre pacientes, familiares e profissionais de saúde. CONCLUSÕES: A prática da bioética em hemotransfusões para estes religiosos requer uma abordagem cuidadosa e informada. É fundamental estabelecer um diálogo aberto e respeitoso entre todos os envolvidos, garantindo que decisões sejam tomadas com base em princípios éticos e considerações clínicas fundamentadas. Estratégias de comunicação eficazes, educação contínua e suporte ético são cruciais para promover decisões compartilhadas que respeitem tanto a autonomia do paciente quanto a integridade profissional.