Introdução: Durante a pandemia da COVID-19, a assistência à saúde passou por transformações em diversos cenários, afetando tanto os serviços relacionados ao atendimento do paciente com COVID-19 quanto aqueles não envolvidos. Objetivo: verificar associação entre o perfil sociodemográfico e clínico de pacientes com COVID-19 e o atendimento nos serviços de saúde e hospitalização. Métodos: Estudo transversal, realizado nos estados do Ceará, Maranhão e Pernambuco, com uma amostra de 194 pessoas diagnosticadas com COVID-19. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2021 a março de 2022, via aplicativo telefônico, com um link do google forms, contendo o termo de consentimento livre esclarecido e os questionários sociodemográfico e de avaliação do acesso e utilização dos serviços de saúde. Os dados foram analisados mediante estatística descritiva e inferencial (Qui-quadrado de Pearson e razão de verossimilhança). Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e financiado pelo CNPq/DECIT/MS na Chamada N 21/2023 - Estudos transdisciplinares em Saúde Coletiva. Processo 445654/2023-6. Resultados: predominaram pessoas do sexo feminino (60,3%), com faixa-etária de 31 a 59 anos (63,4%), pardas (56,7%), casadas/união estável (50,5%), ensino superior (68,0%), com vínculo empregatício (57,7%) e renda de 1 a 3 salários mínimos (58,2%). As condições clínicas presentes foram: sobrepeso/obesidade (60,8%), hipertensão arterial sistêmica (HAS) (20,1%), diabetes mellitus (DM) (7,2%) e doença respiratória (12,4%). O principal local de atendimento durante a fase aguda da COVID-19 foi o sistema público de saúde (78,4%), com várias buscas por atendimento durante o período de suspeita ou confirmação da infecção (44,3%), sendo o hospital o primeiro local de atendimento (27,8%). Observou-se associação significativa entre ter sido atendido em um serviço público de saúde (p=0,022), buscar várias vezes os serviços de saúde (p=<0,0001), ter sido atendido pela primeira vez em uma UPA/serviços de urgência e emergência (p=<0,0001) e ter sido hospitalizado. Também, observou-se significância entre sexo masculino, analfabetismo, HAS e ser hospitalizado (p=<0,0001). Conclusão: A maioria era mulheres, com nível superior, com sobrepeso/obesidade, HAS e DM. Houve associação significativa entre buscar atendimento mais de uma vez, ser atendido em uma UPA, ser do sexo masculino, analfabeto, ter hipertensão e ter sido hospitalizado.