Introdução: No decorrer da gestação, as mulheres passam por diversas alterações hormonais e corporais que podem interferir no seu bem estar físico e psicológico. Contudo, pode-se dizer que no Brasil a saúde mental da gestante é comumente negligenciada, pois existem poucos protocolos assistenciais que abordam a dimensão saúde mental na gestação, e esta negligência é influenciada por dois fatores: o estigma social que a gestação é uma fase de realização e bem estar, e a ênfase que os profissionais dão aos transtornos mentais puerperais. Objetivo: Verificar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC) e de sintomas depressivos e analisar os fatores associados em gestantes da atenção primária à saúde. Método: Estudo transversal e analítico, de natureza quantitativa, realizado com gestantes de 6 unidades básicas de saúde da Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brasil, entre julho e setembro de 2023. Avaliaram-se características sociodemográficas, familiares e obstétricas. A presença de transtornos mentais comuns e dos sintomas depressivos foi investigada por meio dos instrumentos validados: Self-Reporting Questionnaire e a Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton, correspondentemente. Os dados foram analisados por meio de frequências e testes de associação. Resultados: Participaram do estudo 52 gestantes, das quais 63,5% apresentaram uma pontuação sugestiva de sofrimento mental, e 13,5% apresentaram sintomas indicativos de um transtorno depressivo. Dentre os fatores sociodemográficos, familiares e obstétricos, apresentaram associação significativa com a presença de transtornos mentais comuns, os conflitos familiares e a etnia, ou seja, as gestantes com conflitos familiares e etnia branca tinham maior chance de apresentar um quadro sugestivo de TMC. Não foram registradas associações significativas entre a ocorrência de sintomas depressivos e as variáveis estudadas. Considerações finais: Observou-se elevada proporção de quadros sugestivos de sofrimento mental nas gestantes avaliadas e sua associação com fatores sociodemográficos e familiares, o que demonstra a necessidade de estratégias de monitoramento e promoção da saúde mental no cuidado pré-natal prestado pela atenção primária à saúde e pela assistência social, além da sensibilização e capacitação dos profissionais da atenção primária em saúde nesse tema.