Introdução: A compreensão do impacto das vulnerabilidades no processo saúde-doença influência práticas nos campos da saúde e assistência social. Objetivo: Investigar na literatura o processo de produção de vulnerabilidades à saúde de povos indígenas no Brasil. Método: Trata-se de pesquisa bibliográfica qualitativa. Para busca nas bases de dados LILACS, BDENF, Periódicos CAPES, SciELO e Google Acadêmico utilizou-se os descritores “saúde de populações indígenas”, “determinantes sociais” e “populações vulneráveis”. Foram selecionados 95 estudos com texto completo em português, publicados entre 2003 e 2023. Resultados e discussões: A análise do corpus de artigos, teses e dissertações revelou que predominaram temas sobre a pandemia da Covid-19, Vírus da Imunodeficiência Humana e Doenças infecto contagiosas, Saúde bucal, Segurança nutricional e alimentar, Tuberculose, Assistência obstétrica e perinatal, Saúde do idoso, Violência de gênero, Saneamento Básico, Exposição a agentes tóxicos provenientes do garimpo e Hipertensão arterial sistêmica em povos indígenas. Evidenciou-se 63 artigos publicados em periódicos com Qualis Capes A1; 7 com Qualis B1 e 6 com Qualis A3; 20 estudos foram publicados entre 2013 e 2017 e 75 entre 2018 e 2023. As pesquisas foram desenvolvidas nas regiões Norte (22 estudos, 23,2%), Centro-Oeste (19 estudos, 20%), Nordeste (11 estudos, 11,6%), Sul (7 estudos, 7,4%) e Sudeste (3 estudos, 3,2%); 33 estudos (34,7%) abordaram o contexto nacional. A diversidade dos fatores de vulnerabilidade a saúde dos povos indígenas inclui doenças crônicas, obesidade, desnutrição, intoxicação por ingestão de água e alimentos contaminados pela ação do garimpo ilegal e outras. O maior desafio é o reconhecimento das necessidades individuais e coletivas das diversas populações indígenas na imensidão do território brasileiro, de forma a compreender as suas práticas culturais do cuidado e fortalecer condutas baseadas em evidências. Considerações finais: O estudo revelou lacuna significativa na produção científica sobre as diversas dimensões das vulnerabilidades enfrentadas pelos povos originários; a predominância de estudos recentes sobre a Covid-19 e a deficiência na cobertura de temas mais amplos e estruturais. Portanto, é imperativo que sejam desenvolvidas pesquisas que potencializem soluções ético-políticas e técnicas para as iniquidades do processo social, cultural e ambiental que se perpetuam e produzem a vulnerabilidade à saúde dessas populações.