INTRODUÇÃO: A reza é vista como um importante elemento na cultura popular brasileira e possui suas origens no sincretismo religioso. As rezadeiras são consideradas como cientistas populares com características próprias de curar, unem o misticismo da religião aos conhecimentos da medicina popular. OBJETIVOS: Relatar a vivência de estudantes de enfermagem numa captação da realidade junto à rezadeira. MÉTODOS: Relato de experiência vivenciado por acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - Campus Caicó no componente curricular Antropologia e Saúde, com o tema práticas populares de cura. A experiência se deu por entrevista com uma rezadeira da região, guiada por instrumento norteador. RESULTADOS/DISCUSSÕES: A partir da observação feita, constatou-se que a rezadeira é bastante conhecida na região. Aprendeu a rezar ainda jovem, quando uma vizinha já bastante idosa – e só por esse motivo, ensinou-a este ofício. De acordo com a tradição, a reza só pode ser passada de mulher para homem e de homem para mulher. Do contrário, perde seu efeito, conforme mencionou a entrevistada. Durante esses anos, essa atendeu pessoas de diversos lugares. A cultura da reza visa curar males causados no corpo do indivíduo através da espiritualidade, e os atendimentos realizados pela rezadeira destinam-se principalmente a intervir contra o “quebranto” e o “mau olhado”, cujos sintomas geralmente envolvem: olhos lacrimejantes, bocejos constantes, moleza no corpo, ausência de apetite e tristeza. As rezadeiras são consideradas uma figura cultural familiar e religiosa, voltada para contribuir com a solução de problemas diversos. Enxergam sua ocupação como um dom dado por Deus. Nas práticas de cura, as rezadeiras são compreendidas como mediadoras entre Deus e a pessoa doente, através das quais a cura se revela. No ato do benzimento, usam plantas para fazer a reza. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através da vivência, foi possível refletir sobre os saberes e práticas das rezadeiras, além de compreender como outros sistemas de saúde, além do oficial, também podem participar dos itinerários das pessoas na busca por saúde e bem-estar. Desta forma, foi possível dimensionar a importância dos conhecimentos e práticas populares no cuidado à saúde, o que permite ao estudante reconhecer a existência de outros sistemas de cura que vão além das tradicionais práticas biomédicas e medicalizantes, ampliando o olhar para a multiplicidade a potência de vida existente nos territórios.